DOMINGO LITERÁRIO: "Dom Casmurro" sob a ótica de Edson Junior
Eis mais um domingo ensolarado misturado com as mazelas que nos levam à realidade. Nada melhor do que desfrutar de uma obra que serve de exercício perpétuo para o nosso pensamento. Mesmo por que não há uma única leitura de um texto considerado como literário. A cada nova leitura de um mesmo texto podemos chegar a outras conclusões...E se retornamos à outra leitura, acabaremos novamente com outra idéia.Isso é a literatura!As inesgotáveis possibilidades de leitura em constantes choques diretos com a pré-idéia do leitor. Seria uma outra dimensão de idéias misturando e libertando o pensamento “formatado e pré-formado” do leitor, dando ao mesmo a possibilidade de poder desfrutar de pelo menos 0,5% de sua capacidade encefálica. Levando-o até a tomar uma nova concepção dessa estrada longínqua que acidentalmente chamamos de vida.
O tema desse Domingo é a obra prima de um dos nossos maiores escritores (Pra mim o maior), Machado de Assis. Afinal de contas, Capitu traiu ou não Bentinho?
Para a dica literária dessa semana, pegaremos Dom Casmurro, o livro que nos remete à dúvida sobre a existência do adultério de Capitu, mesmo não havendo nenhuma cena no livro que comprove tal acusação feita pelo narrador.
Dom Casmurro é um romance psicológico narrado em primeira pessoa por Bentinho, sendo a aparência de Ezequiel (seu suposto filho) um dos motivos de sua interminável dúvida.
A história nos apresenta várias possibilidades, apresentadas por Bentinho, de que sua esposa Capitu o traiu com seu amigo Escobar.
Além dessa temática da traição, podemos encontrar na obra também uma possível intertextualidade com a obra Otelo, de William Shakespeare.
[...]Não houve lepra, mas há febres por todas essas terras humanas, sejam velhas ou novas. Onze meses depois, Ezequiel morreu de uma febre tifóide, e foi enterrado nas imediações de Jerusalém, onde os dois amigos da universidade lhe levantaram um túmulo com esta inscrição, tirada do profeta Ezequiel, em grego: 'Tu eras perfeito nos teus caminhos.' Mandaram-me ambos os textos, grego e latino, o desenho da sepultura, a conta das despesas e o resto do dinheiro que ele levava; pagaria o triplo para não tornar a vê-lo.
Como quisesse verificar o texto, consultei a minha Vulgata, achei que era exato, mas tinha ainda um complemento: 'Tu eras perfeito nos teus caminhos, desde o dia da tua criação.' Parei e perguntei calado: 'Quando seria o dia da criação de Ezequiel?' Ninguém me respondeu. Eis aí mais um mistério para ajuntar aos tantos deste mundo. Apesar de tudo, jantei bem e fui ao teatro [...]”
* Texto de Edson Junior/ Equipe OCT, estudante de letras/UFMT e membro do High School.
Conheça as poesias de Junior!
Comentários
Todo castigo pra corno é pouco!!!
Ninguém mandou o Bentinho ser Casmurro :P
Agora a mais nova dúvida cruel:
Será que a Capitu era cocha?!?!?!
Muito bom, Winnetou !!!!!!
Abração.