Posted by Maximiliano Merege Categories: Marcadores: , , , , ,


SPRINGBOK NUDE GIRLS, um dos maiores nomes do rock sulafricano hoje.


Hoje, os olhos do mundo se voltam para a África, já que o continente mais carente da Terra tem sua primeira copa da Fifa.
Não é surpresa nenhuma a região aparecer por esta coluna, haja vista que de lá sempre saíram verdadeiras joias sonoras. Na abertura mesmo, foi possível vermos uma mescla de estrelas do pop mundial com figurinhas carimbadas da música africana contemporânea, principalmente astros renomados da world music. No entanto, o foco de hoje é sobre uma vertente sonora pouco cogitada da área: o rock branquela!


UMA SUTIL REVOLUÇÃO

Como sempre vimos em nossa vida escolar, e também nos inúmeros noticiários, a África do Sul (principalmente) como palco de uma horrenda guerra entre os negros nativos e uma minoria branca detentora do poder, até o começo dos anos 90, época em que o macabro regime segregacionista do apartheid deixava de (formalmente) existir. No entanto, o que poucos sabem é da ocorrência de uma revolução silenciosa, porém muito barulhenta, que se desenvolveu em meio aos brancos.
No final da década de 50, a ideia de juventude transviada dava as caras na África do Sul e aquele estilo chamado rock'n'roll começava a tomar de assalto as mentes e os corpos dos jovens. Acontecia, enfim, uma situação inusitada: o blues, criação dos negros do outro lado do Atlântico, passava a criar suas raízes no seio das famílias conservadoras, mexendo com a cabeça de seus filhos e, por sua vez, semeando o inconformismo com tudo e todos.
Surgiam os primeiros roqueiros por lá: Mickie Most & The Playboys; The Meteors, The Vikings, The Amazons, a primeira banda totalmente feminina da região, só para citar alguns.

CHERRY WAINER, a primeira rockstar sulafricana!


É curioso observar que, a exemplo das Amazons, a presença feminina na produção roqueira sul-africana era incrivelmente forte. Se hoje ainda temos criaturas fabricadas pela indústria e que ganham espaço apenas pelos atributos físicos, à época, por aqueles lados, era preciso ter talento de fato, e ainda sim, era incrivelmente conseguir um bom espaço, já que rock era de certa forma tido como música marginal. Logo, viam-se na obrigação de sair daquele ambiente conservador, racista e machista, para tentarem a sorte em outros lugares do mundo. E foi justamente o que aconteceu com a tecladista Cherry Wainer e as cantoras Sharon Tandy e Dana Vallery; o produtor Frank Fenter; os ex-Vikings, Manfred Lubovitz (Manfred Mann) e Harry Miller (King Crimson); Mickie Most, Blondie Chaplin e Ricky Fataar (The Beach Boys), John Kongs e outros tantos que se mudavam para a Inglaterra, Canadá, EUA e Australia.

SHARON TANDY, diva sulafricana, de origem judaica,
que teve o apoio de muita gente de peso, como Jimmy Page e Isaac Hayes.





Êxodos à parte, muito das preciosidades roqueiras redescobertas pelo mundo através da internet, vieram da África do Sul: June Dyer, John E. Sharpe & The Squiers, The A-Cads, The Giants, Bill Kimber & The Couriers, The Gonks, The Invaders (primeira banda rockeira só de músicos negros) e muitos outros mais, são apenas uma parte dos nomes que então fomentavam a rebeldia juvenil.

THE INVADERS,
primeira banda de rock multirracial da região,
formada por negros e indonésios.



DOS HIPPIES A 2010
Se muitos iam embora, outros tantos ficavam e tornavam-se um incômodo para o sistema, já que muitos dos valores propagados pela contracultura no final dos 60's, chegavam por lá também. Foi o caso de bandas como Freedom's Children e SUCK, que tocavam progressivo e hardrock. Dormir na cadeia, para eles era comum! Reza a lenda que suas apresentações por lugares públicos eram também palco de inflamados discursos contra o governo.
Ademais, mesmo sendo produtiva entre os 70 e 80, à excessão do pop açucarado do 4 Jacks & A Jill, da easy listening do maestro Dan Hill, de punks como Radio Rats, Asylum Kids, Powerage, Pop Guns e Fathoms Of Fire, da new wave do Via Afrika, a cena sulafricana manteve-se carente de ícones, já que acontecia um verdadeiro processo de "clonagem" do que se fazia na Inglaterra e nos EUA. Logo, o maior nome de então foi a rádio Springbok que nunca deixou de rodar o que se produzia por lá, ainda que fossem só covers de rock importado e muitas novelas importadas da Austrália também.
Na segunda metade dos anos 90, com um giro maior da informação, os ventos da mudança sopravam e novos nomes surgiam, fundindo estilos consagrados como punk, gótico e metal, e muito do pop de seu tempo a elementos da world music, ocorria um "renascimento" na cena, e nomes como Springbok Nude Girls, Urban Creep, Matthew Van Der Want, Ashton Nyte etc tornariam-se figurinhas fáceis.
Hoje, mesmo com bacaninhas da envergadura de Dave Matthews, BLK JKS, The Parlotones e 340ml (moçambicanos radicados em JHB), a África do Sul apresenta-se ao mundo como um celeiro incrivelmente produtivo em termos roqueiros, com sons para todos os públicos e gostos.

Por hoje é isso, caríssimos. Um grande abraço a todos e até a próxima!

CEDÊS:
CAZUMBI (No Smoke, Portugal)


CAZUMBI 1


CAZUMBI 2

Esta série conta a história do rock no continente africano, entre as décadas de 60 e 70. Mesmo que as bandas sejam em sua maioria da África do Sul ou de Moçambique, é possível deparar-nos com diversas pérolas de países como Angola, Congo, Gana e Costa do Marfim. Destaque especial para as sulafricanas John E. Sharpe & The Squires, The A-Cads e The Gonks, as moçambicanas Os Inflexos/Os Impacto, H2O, e a congolesa Les Krakmen.


VÍDEOS

DOWNLOAD CAZUMBI 1
DOWNLOAD CAZUMBI 2







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Artigo originalmente publicado no Jornal Folha do Estado, Cuiabá-MT, domingo, 20/06/2010.


3 Comentario para O ROCK NA TERRA DA COPA

23 de junho de 2010 às 15:32

MAAAAAAAAAAXXXXXXXXXXXXXXXX

23 de junho de 2010 às 19:42

MAX O VUVUNZELA DO ROCK!!!
O JABULANI!!!
O GOLMAN DO ROCK!!!

ABRAÇOS MAX

24 de junho de 2010 às 09:04

Ié !!!!

valeu, meus caros!!!!

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