RELATÓRIO ANUAL DE ATIVIDADES DA OCT EM 2008: A PRIMEIRA JORNADA COMEÇA!

...A gente se reuniu para fazer um som...
Desde os tempos mais primitivos, longe ainda da escrita, encontramos registros de homens que se encontravam para fazer um som.
Muito antes de o hominídeo ter lascado uma pedra (a fim de transforma-la numa ferramenta mais prática), aos homo sapiens, que se estendem aos nossos dias, animais, aves e répteis identificavam-se pelos sons.
Foi exatamente pela identificação dos sons, que cada coisa na natureza, cada espécie se manifestou, deu-se a conhecer, e se comunicaram pelos sons.
...Mergulhando um pouquinho na história do tempo...
...Os deuses, reunidos no Olimpo, paravam e se extasiavam ao ouvir as musas e suas melodias divinas...
...Orangotangos (palavras da língua malaia que, juntas, significam "velho da floresta") encontravam-se e faziam seu som: vozes potentes e estrondosas que anunciavam as tempestades e furacãos.
...Escravos do Faraó, no Egito, às escondidas, já se encontravam para fazer um som – seus clamores, lamentações e preces tornaram-se conteúdos que subsidiaram religiões até aos nossos dias.
...Sumérios, Acádios, Sírios, Helênicos, Indianos, Chineses, Persas, Romanos, Incas, Maias, Tupis, Brasileiros, e todos que eu não conseguiria citar, continuamos até nossos dias, a nos encontrar para fazer um som.
... nascido na cultura popular e na criatividade das comunidades negras (proximidades de Nova Orleans, por volta do século XX), o jazz comovia corações e proporcionava aos negros um de seus espaços de desenvolvimento mais importantes, e então eles se encontravam-se para fazer um som.
...Por todos os lugares longínquos do Planeta, desde sempre homens e demais viventes encontravam-se e faziam um som.
O “Presente de Grego” – primeiro evento da cooperativa de bandas “Operação Cavalo de Tróia” foi esse encontro, essa celebração do abração, esse espaço para o riso, reunião de sonoridades, troca de idéias, mutirão para a paz, ajuda mútua, integração das diferenças, louvor à vida, exaltação da arte, enfim, como diz a canção do Pleyades: “vozes ultrapassam linha de luzes, vozes não são vozes, passam limites... (‘Ponteiro do Relógio’).
A magia que perpassou desde sempre, continua viva, e no “Presente de Grego” não foi feito nada extraordinário a não ser simplesmente, encontrar-se e fazer um som...(
IMPRESSÕES DO “PRESENTE DE GREGO” de João Santana)


Os caras do Mão-Dupla...

Qual forma seria a mais adequada para iniciar um relatório anual de atividades? Depois de muito pensarmos, chegamos à conclusão: o texto de João Santana, filósofo, músico do Mão-Dupla, que hoje está em São Paulo, mas que nos primeiros meses da OCT, esteve constantemente presente, e o texto, entre vários, em nossa avaliação, foi o que melhor captou o sentimento que corria entre todos nós, que estávamos ligados física e virtualmente, em ‘redes’, e apesar de tudo que falávamos ou que falavam, “apenas nos reuníamos para fazer um som”. Embora o texto ultrapasse um pouco os padrões de uma epigrafe, em tamanho, fizemos questão de colocá-lo na íntegra, tanto pela genialidade de sua composição, mas também por expressar essa “simplicidade” que por trás de tudo, era o que queríamos dizer, quando em nossos títulos dizíamos “Faça você mesmo”, quando questionávamos “O que acontece quando a classe artística está organizada?”, entre outros. Enfim, começamos a nos reunir em 2007, atravessamos o ano de 2008 (vocês verão como foi nesse relatório), e aqui estamos, em janeiro de 2009, com uma equipe renovada, e com muita vitalidade para mais um ano.

E quanto ao relatório? Bem, o publicaremos em quatro partes, dividindo o ano por trimestres. Assim, a primeira ‘jornada’ ser dará nos meses de janeiro, fevereiro e março; a segunda nos meses de abril, maio e junho; a terceira nos meses de Julho, Agosto e Setembro; e a última, nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro. A publicação das ‘jornadas’ será da seguinte forma: hoje a parte 1, sexta a parte 2, sábado a parte 3 e no domingo, a última parte. A autoria coube a mim, Bruno Rodriguês, e a revisão da ortográfica e do conteúdo, a toda a organização. ADVERTÊNCIA: não esperem encontrar nesse relatório a totalidade do que aconteceu na Cena Rock Cuiabana em 2008, pois é um relatório de atividades da OCT, e, por conseguinte, no que a mesma esteve envolvida, ou com quem se envolveu. Se por acaso algum internauta sentir a “falta” de alguma atividade que aconteceu em 2008, não se assuste, pois não é por mera coincidência - não somos nós que queremos “abraçar o mundo”... No mais, sejam bem vindos ao Túnel do Tempo...


Os primeiros rascunhos...

JORNADA 1: Janeiro, Fevereiro e Março de 2008.

O ano de 2008 começou para OCT sob um clima de grandes expectativas, afinal, os dois últimos meses de 2007, aos quais nos constituímos, foram de intensos debates e reflexões sobre qual “meio” deveríamos construir, que entre os vários pontos que elencamos, deveria avançar em relação àquilo que desprezávamos enquanto artistas – o “jabá” (pagar para tocar). Na ocasião também elaborávamos vários projetos e pensávamos em atividades que poderíamos desenvolver: era uma fusão bem rica e interessante das idéias ‘experientes’ de alguns membros do grupo, na ocasião, com a jovialidade de outros. O engraçado de todo esse período é que enquanto íamos nos constituindo e tomando forma, outras “organizações” da cidade, também iam nos caracterizando como “anti-isso” ou “anti-aquilo”, quando no máximo que havia, era a estranha coincidência da reunião de antigos desafetos de ‘personagens’ conhecidos... Para além das fantasias “fanáticas” de alguns, de real mesmo, o que restava era só indiferença, e neste clima, surgiu a idéia de organizações um “pré-evento”, antes do lançamento oficial, cujo nome não poderia ser outro senão “Presente de Grego”, já que o “Cavalo de Tróia” na mitologia grega é justamente isso – se bem que para alguns, a “carapuça” serviu...



O mês de janeiro, no geral, foi o mês da estruturação virtual (blog, My Space e Flickr). Também, o momento em que a OCT, que nascia efetivamente, começava a ganhar as manchetes em jornais da baixada cuiabana, como no Correio Varzeagrandense. Várias reuniões se deram naquele mês, e na última semana, enfim, o “Presente de Grego”, no Cavernas Bar, com a casa lotada, e shows das bandas Big Trip, Zortin, Angústia, High School e Pleyades. Ao fim do evento, todos saíamos com a sensação de termos dado um grande desabafo, com nossas próprias pernas e braços. Era um início.

"PRESENTE DE GREGO" por Protásio de Morais:


VIDEO PRESENTE DE GREGO:


Entramos no segundo mês do ano em clima de entusiasmo, e um projeto que discutimos nas primeiras reuniões da OCT, aconteceu na prática: o “Intervalo OCT”, no dia 15/2, com High School, e dia 29/2 com Strauss, no Colégio Máster. Tal atividade rendeu um bom material fotográfico, tanto para cooperativa, como para as bandas, além de uma boa divulgação, tudo bem relatado em nossos arquivos do mês de fevereiro. E no blog OCT, que já estava a todo gás, novidades era o que não faltava, como os “ensaios filosóficos” de João Santana, ou as pequenas aulas de teoria musical, escritas por Antonio Carlos (Tiasques).

Ensaio de João Santana: "O cérebro e os sons"


Antonio Carlos: "Escalas Exóticas"


O mês ainda corria, e a OCT já se sentia preparada para lançar-se oficialmente, agora sim, enquanto organização cultural, e programou: dia 29 de Março. Muitas foram as atividades que ocorreram no mês de março antes do lançamento, que deram um grande impulso para o dia 29/3, como os “Intervalos” da OCT no Colégio Master, com a banda Partenza (28/3) e Vênus de Milo, no Colégio Heliodoro, dia 13/3. No meio do mês de março, ainda houve o “Rock Parque” (14/3), no Centro Comunitário do bairro, com as bandas Vênus de Milo, Menorah, Pé-Rachado e os Porras Lokas e Malleus Malleficarum (com ex-integrantes da antiga Lord Crossroad). Enfim, foi um mês de extremamente movimentado, e que fazia com que a OCT entrasse com pé-direito no cenário.

INTERVALO OCT: HIGH SCHOOL, 15/2


Quanto ao lançamento, este ocorreu no Silva Freire, na parte interna, e contou com os shows das bandas Hilayama, Partenza, Raiva em Paz, Pleyades, Vitrolas Polifônicas e Zortin. Um público bem considerável compareceu, e tudo se deu em um clima de festa – assim como no “Presente de Grego”, todos saíram satisfeitos (bandas e público). A atividade rendeu muitas fotos, vídeo e uma grande publicidade, via-net, mas dessa vez, também via panfleto (foram distribuídos mais de 2000 panfletos).

VIDEO LANÇAMENTO DE LANÇAMENTO DA OCT (29/3):



CARTAZ DO LANÇAMENTO 1:


CARTAZ 2:


MAIS FOTOS:








No fim dessa primeira jornada – 1° Trimestre de 2008 – todas as metas que foram traçadas nas reuniões iniciais da OCT, foram concretizadas com êxito, era inegável. As bandas cavalo-troianas eram muito mais divulgadas do que antes, e ficava evidente o nascimento de um novo “meio” – alguns o chamavam de ALTERNATIVA, outros, o amaldiçoavam dizendo que não duraria “cinco meses”, mas mesmo com torcidas contrários e outras favoráveis, seguimos em frente, preocupados exclusivamente com a construção de outro caminho, no qual não haveria necessidade de nos rastejarmos (bandas) aos grandes empresários da cultura.

Comentários

Anônimo disse…
ÓTIMO, PERFEITO QUERIDOS! PARABÉNS POR ESSA AULA DE HISTÓRIA.. ADOREI TAMBÉM O TEXTO DO JOÃO!bjs
Anônimo disse…
Valeu, e realmente, João Santana é o cara! Muita satisfação de ter conhecido essa figuraça!

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