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Dentro de cada um, acontece um turbilhão de sons que são produzidos silenciosamente, no interior dos órgãos... pelas veias sanguíneas, vias respiratórias, os batimentos cardíacos, as engrenagens ósseas, os sensores neuro-cerebrais, as cordas vocais, enfim, há tantos acontecimentos interiormente, que, é quase impossível conseguir imaginar ou supor qualquer coisa semelhante. Desde a fecundação, dando-se conta ou não, somos sons. Para constatar isso, basta colocar os ouvidos sobre o coração de alguém... ou, ouvir a própria respiração, enfim, há uma lista de formas de comprovar essa sonoridade natural.
Ainda que o diagnóstico acima ofereça um bom repertório para se pensar a respeito, pensemos agora nos sons que estão fora de nós, em todas as coisas existentes no Planeta: os que estão próximos, lado a lado conosco (sons de pessoas, sons dos animais, ruídos de objetos, etc) e os sons gigantescos de corpos cósmicos que se chocam, as erupções e vulcões que acontecem o tempo todo no interior dos planetas, galáxias e no cosmo infinito. Não dá para afirmar que a explosão de sons que acontece fora de nós seja maior do que aquela que acontece no interior do nosso corpo.
Trocamos vibrações o tempo todo: com os seres de nossa espécie, com as espécies animais, vegetais, minerais, enfim, com tudo o que existe no Planeta e no Universo. Estamos em constante interação. As leis quânticas apontam que os diferentes corpos existentes no espaço, são tão constantes suas transformações internas e externas, que é muito difícil pensar na velocidade dessas transformações...e elas, estão intimamente ligadas a nós. Para se ter uma metáfora da idéia, basta tentar imaginar quantos pensamentos ocorre no cérebro humano, em cada minuto. A cada segundo esses pensamentos estão constantemente sendo utilizados ou descartados por nós. Sendo utilizados, eles canalizam-se para as opções que fazemos diariamente, como a expressão desse ou daquele gesto, o uso dessa ou daquela roupa, essa ou aquela música, esse ou outro trabalho... e por aí, uma infinita rede de encadeamentos e relações se desenrola.
Essa rede cósmica infinita tão encantadora, que, de repente, se mostra a nós, é apenas um espelho do que somos, pois, somos uma engrenagem tão complexa e poderosa quanto o teatro de cores e sons que contemplamos no universo.
Pesquisadores que utilizam os sons ou “a música como ferramenta para explorar a vida neural tem colaborado para derrubar velhos dogmas e refazer a cartografia do cérebro. O cérebro humano tem 100 bilhões de células nervosas e mais de cinqüenta sustâncias neurotransmissoras. Estima-se que o potencial de conexões entre os neurônios chegue a 500 trilhões. A metáfora mais comum nos novos livros de neurologia é a das cascatas neurais – grandes seqüências de ativação de áreas do cérebro, às vezes bastante afastadas entre si” (Carlos Graieb).
Por meio do universo sonoro, cada um tem o poder de acessar áreas pouco exploradas no cérebro. Devido à plasticidade e mecanismos que o cérebro utiliza para responder ao mundo externo, essas áreas ou regiões (pouco utilizadas, pela maioria de nós), podem transformar-se em verdadeiras galáxias neuronais. E, a partir disso, cada um pode ter as ferramentas necessárias para organizar seu mundo individual, as coisas que o rodeia.
Se fizermos um esforço e conseguirmos olhar de fora, podemos nos perguntar: o que fazemos com tantas ferramentas à nossa disposição? Que uso temos feito delas? Como temos explorado essas duas ferramentas poderosas, interligadas numa “peça” só (o cérebro e o corpo)?
Sendo sinceros, temos de concordar que o som está no ar. A música está tão aí...
Todo esse oceano de possibilidades, internas e externas a nós, está acontecendo o tempo todo, a todo instante, dentro e fora de nós. Mas, o que faz com que cada um perceba essas duas realidades ou infinitas realidades é a consciência.
As possibilidades são cabanas invisíveis onde a liberdade se sente segura. Quando as cabanas invisíveis puderem ser visualizadas, o essencial transbordará na simplicidade. Assim, cada caminhante ou buscador poderá se ver no espelho.
Sou dos que acreditam que a vida é maravilhosa demais para passar despercebida. Nada demais alimentar a vontade de deixar uma marca, um sinal, um registro da passagem pela Terra.

*João Santana (Mão Dupla), é filósofo, artista-educador.

Confira o site do Instituto Mão-Dupla!

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