"O IMPÉRIO QUE NUNCA EXISTIU" por João Santana (Mão-Dupla)



Desde que homem é homem, a arte nunca teve uma residência, um aconchego, um lar...
Pensemos nas gigantescas criações e construções dos Faraós e dos Astecas... agora respondamos com sinceridade: o que restou, de tudo isso, senão a arte?
Embora ninguém negue sua importância, mas, quem é que cuidou da arte, todo esse tempo, até aos nossos dias? Onde ficou hospedada? Onde está o seu teto? Qual é o seu endereço?
Todos nós conhecemos e somos testemunhas das várias formas de escravidão pela qual a arte passou e por quais guetos percorreu. Até o presente momento, a arte ficou quase sempre submissa, jogada pra lá, feito cão sem abrigo.
Recordemos alguns desses momentos mais tristes...
No momento em que ecologistas, artistas e homens livres começaram a cultuar o humano, mostrando os contornos e a beleza dos corpos em obras de arte (princípio contrário ao pensamento da Igreja na época), houve então o período Humanista.
...Quase podemos sentir as mesmas dores que Giordano Bruno sentiu, ao ser devorado pelas chamas da Inquisição!
...Quase podemos ainda escutar os gritos das mulheres torturadas em praças, que lutavam contra a repressão sexual, contra a tirania religiosa, e contra as múltiplas violações (da época)!
...Quantas mentes hábeis e férteis foram queimadas desnecessariamente!
Agora, pensemos a sério: historicamente, a Religião já teve seu império. A ciência também, a Política e a Filosofia também tiveram. E a arte?
Durante um longo período em que a religião erigiu seu império, a arte existia, mas, para representar os gostos e vontades dos papas. E esses gostos eram sempre fixados nas figuras sacras cristas. Com suas criaçoes, artistas conhecidos como Michelangelo (1475- 1564), Sandro Botticcili (1444 – 1510), Luís de Camões (1524-1580), Miguel de Cervantes (1547 1616) entre outros, fizeram parte do movimento humanista. Leonardo da Vinci, por exemplo, utilizou de poderosas leis matemáticas e variados códigos para esconder ou camuflar suas intençoes contidas nas artes encomendadas pelo Papa.
Enfim, todo esse tempo, a arte ficou sem casa, desabrigada, desamparada...E, todos nós sabemos o que é estar desamparado.
Porém, ouso dizer, irmaos: se a arte continua sem amparo, sem casa, é hora de construir seu império. O que temer? Para que fugir? Em possibilidades, somos e seremos tudo o que há por vir, tudo o que arquitetamos ser; embora ainda anonimos.
Enquanto o artista fugir da arte, está na verdade fugindo de si mesmo, do próprio caminho...

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