"PSYCHOBILLY IS ALL AROUND" por Max Merege
[ FOTO ILUSTRATIVA: LUX INTERIOR & POISON IVY (THE CRAMPS) – 2002
http://www.jackmagazine.com/issue6/CrampsGalaxy1.jpg ]
Psychobilly, antes de mais nada, é o estilo que melhor funde rock'n'roll e demência!
Até hoje sua origem provoca discussões acaloradas, pois enquanto para alguns, surgiu nos EUA, em 1975, com a banda The Cramps; para outros, a coisa nasceu mesmo na Inglaterra, em 1980, com a banda The Meteors.
Fato é que um bom psychobilly pode se resumir a um aguçado senso de humor-negro, combinado com frases musicais pra lá de manjadas de country e blues, mas com uma dose cavalar de malandragem que estilo nenhum poderia propiciar.
A configuração dos instrumentos é a mais básica possível: uma guitarra semi-acústica, um contra-baixo acústico do tipo rabecão e uma bateria com meia-dúzia de peças para se tocar de pé. Simples, sim! Porém eficaz!
Dentre as maiores influências do estilo, podemos citar muita música demente - dos anos 50 e 60, principalmente - filmes de terror e quadrinhos também.
Enquanto rockabillies cantavam em suas músicas as aventuras de um casal descobrindo os mistérios do amor em um drive-in, o psychobilly usaria o mesmo drive-in para apresentar um psicopata assassino matando vários e vários casaizinhos, ou ainda falando em temática psychobilly, a história talvez simplesmente pularia as preliminares para falar do quão gostoso é foder no carro enquanto passa um filmaço na tela e como os gemidos da mina podem ser confundidos com os gritos da mocinha do filme.
Segundo os Cramps, a banda "marco zero" do estilo, suas referências musicais se apresentam em três pincipais eixos: rockabilly, surf music e 60's garage.
Quanto aos filmes, quanto mais barato e medonho, melhor! Recomenda-se muita coisa de Roger Corman, Ed Wood, Russ Meyer, H.G. Lewis, Zé do Caixão, George Romero, Tobe Hopper e o Psicose de Hitchcock também. Daí em diante as coisas evoluem para melhor como faroeste italiano, kung-fu chinês, exploitation, superman turco etc. Enfim, tudo em nome de uma boa diversão.
Apesar da influência nitidamente norte-americana, o psychobilly aconteceu mesmo na Europa, a começar pelo lendário Klub Foot de Londres, que além de receber nomes locais como os Meteors, Guana Batz, Sharks, Coffin Nails, King Kurt, Restles e Frantic Flintstones, recebia também muitas bandas vindas de outros cantos da Europa, como era o caso da holandesa Batmobile ou das alemãs P.O.X. e Sunny Domestoez. No lugar do Klub Foot existe hoje uma estação de trem, mas isso não significou o fim dos shows, pois pela Europa a coisa literalmente bombava!
Na Dinamarca os Nekromantix já apavoravam com sua combinação insana de psychobilly e speed metal; na Alemanha, o Mad Sin já quebrava tudo e ilhas britânicas, Demented Are Go! (Gales) e Klingonz (Irlanda) literalmente bagunçavam o coreto!
Quanto ao Brasil, no ABC paulista a banda Kães Vadius abria o caminho para outros conterrâneos como o S.A.R. e os K-Billy's, e para os cariocas d'A Grande Trepada (a.k.a. Big Trep).
Em '89 foi lançada a coletânea Devil Party, a primeira compilação do gênero por aqui, ao mesmo tempo em que o finado selo Stiletto lançava os discos Sewertime Blues, dos Meteors, e Live Over London, dos Guana Batz, que na mesma época vieram tocar no Brasil, bem como os Stray Cats também.
Nos anos 90, enquanto a Europa era sacudida por uma enxurrada de bandas psycho, Curitiba tornava-se o principal centro do gênero no continente americano. Começou com os Missionários, seguiu com os Cervejas, Os Krápulas e Ovos Presley, e teve seu ápice com os Catalépticos, entre '97 e '06.
A cena curitibana ganhou renome internacional não só com o sucesso d'Os Catalépticos em terras européias, mas também por meio de dois grandes festivais: o Psycho Carnival, que abrange os dias do carnaval; e o Psycho Fest, que rola geralmente entre julho e setembro. Ambos contam, todos os anos, com a presença de alguma banda gringa de renome, e tudo isso sem gastar um centavo de grana do governo e com um público oriundo de todas as partes do Brasil e do mundo também.
De lá pra cá, uma fortíssima cena foi se desenvolvendo em Londrina e as únicas bandas curitibanas que sobreviveram foram Krápulas e Ovos Presley, sendo que muitas outras grandes bandas surgiram depois, mas isso já é um assunto para a gente comentar outro dia.
Conheça aqui o blog do Merege!
Comentários
Bom post.
Até que enfim alguém se dignou a escrever sobre um assunto decente em Cuiabá!
Parabéns pra vcs!!!!!!!!!
Abraço do
Geléia.