COLUNA DO MAX: A MÃE DO ROCK...


Como hoje comemoramos o dia das mães, nada mais justo que homenagearmos uma dama que além de ser a primeira grande roqueira da história, também teve seu nome para sempre gravado nos autos da música country e gospel (diga-se de passagem, das verdadeiras matrizes e não desse vasto mix absurdamente mercantilista, de que hoje dispomos).

A verdade é que se hoje à nossa volta temos roqueiras para todos os gostos (eu mesmo gastaria uma página inteira citando exemplos...), é porque lá atrás alguém se dispôs a “dar a cara a tapa” nesse universo predominantemente masculino e pavimentar o caminho daquelas que a sucederiam...

Wanda Jackson é seu nome! Uma menina nascida e criada no meio-oeste dos EUA, que antes mesmo de completar 20 anos já corria a estrada tocando, cantando e encantando corações, ao som da música rural americana e do mais puro e primitivo rock’n’roll.

Aos 17 anos, época em que concluía o ensino médio, Wanda já se apresentava constantemente pelas rádios de Oklahoma. Gravou alguns singles pela Capitol Records e lá pelas tantas quando foi pedir para de fato se efetivar como uma artista do casting da gravadora, os produtores a desmereceram com a estapafúrdia afirmação machista de que “garotas não vendiam discos”. Não demorou nada e ela logo assinou com a concorrente, a Decca Records.

Também pudera, numa época em que às mulheres era permitido quanto muito cantar, Wanda cantava, tocava e incendiava a plateia com todos seu talento e exuberância!

Tão logo acabou a escola, a menina caiu na estrada, tendo seu pai como empresário e sua mãe como a figurinista. Excursionou com Elvis Presley, com quem teve um breve um breve romance, mas isso é apenas um detalhe...

Antes dos 25, Wanda Jackson já era uma estrela internacional e referência para garotas arrojadas ao redor do globo, corria o mundo com uma disposição comum a poucos, fez fama e fortuna numa época em que as tecnologias ainda eram muito rudimentares e sequer podia-se vislumbrar a existência da gravação digital, de uma internet ou de tão poderosa industria cultural para sua expansão pelo planeta. Era tudo no peito e na raça mesmo!

Clássicos como “Funnel of Love”, “I Gotta Grow”, “Fujyiama Mama”, “Stupid Cupid” e tantos outros mais, ainda soam tão atuais mesmo tendo sido gravados há mais de 50 anos atrás.

Entre 65 e 70, fez da Alemanha seu segundo lar. A balada “Santo Domingo” foi seu primeiro hit no idioma germânico e segundo a popular revista Bravo, uma das mais influentes canções de todos os tempos na história do pop alemão.

Durante os anos 70, atendendo a um pedido dos filhos, passou gravou discos de música gospel. Na década de 80, voltou a excursionar mais regularmente, desta vez pela Europa e com músicos locais, tocando muitos de seus clássicos. Recentemente, gravou em parceria com Jack White o disco “The Party Ain’t Over”, cujo título em si já é uma clara homenagem a “Let’s Have A Party”, um de seus tantos hits.

Pois bem, se a paternidade do rock’n’roll se divide entre muitos pais: Chuck Berry, Johnny Cash, Carl Perkins, Bo Didley, Bill Halley e outros mais; sua maternidade pode seguramente ser atribuída à diva Wanda Jackson! Logo, se muito costumávamos dizer que o rock’n’roll era um “bastardo de mãe desconhecida”, essa afirmação vem por água abaixo quando temos a Mãe e, que mesmo sendo um eterno garoto rebelde, este jamais deixou de honrar pais e Mãe.

Por hoje é isso meus caros. Um grande dia a todas as mães e até a próxima.

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Max Merege, colunista de rock da Folha do Estado e membro da OCT, dedica esta coluna à sua mãe Magda e a todas as leitoras que, mesmo “padecendo no Paraíso”, nunca perdem o rebolado ante os percalços desta vida.


**** Matéria originalmente publicada no jornal Folha do Estado, Cuiabá/MT, 08/05/2011:

http://www.folhadoestado.com.br/jornal/paginas/grd/27_1187.pdf









WANDA JACKSON & THE CRAMPS - FUNNEL OF LOVE '03


WANDA JACKSON & JACKIE WHITE - Thunder On The Mountain (2010)


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Comentários

Bruno Rodrigues disse…
Que voz bela ela tem! Valeu Max, por nos apresentar mais este som!

Um grande abraço!

Bruno Rodrigues
Ramona Tequila disse…
Este comentário foi removido pelo autor.

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