Posted by Maximiliano Merege Categories: Marcadores: , , , ,




Olá caríssimos! Sei que sentiram minha falta por esse longo tempo... também pudera, a correria das inúmeras atividades exercidas me obrigaram a parar um pouco de escrever sobre música, e acreditem, dói muito quando não podemos fazer aquilo que realmente gostamos. Parece loucura, mas ainda sou do tipo que prefere não entregar o trabalho que entregar mal feito.
Eu poderia transcorrer sobre as inúmeras mazelas que assolam nosso país, mas como essa coluna trata essencialmente de cultura pop e afins, entendo que o mais prudente aqui e agora seja da cultura nosso principal alvo, uma vez que não temos como separar a cultura da política (e sobre tudo da educação), trancarmo-nos em uma Turris Eburnia e fingirmos que isso tudo não nos diz respeito.
Como as eleições estão aí e, não faz muito, também nos deparamos com uma série de prêmios de música promovidos por grandes grupos (cujos resultados deixavam muito a desejar), senti nesta a oportunidade perfeita para refletir um pouco mais a respeito, já que raramente temos parado para pensar a sério em nossas escolhas e suas consequências em nossas vidas.
Pois bem, de encontro ao que muitos venham a pensar, tudo se correlaciona. Ainda mais se pararmos para ver a quantas andam as questões ligadas à cultura, já que tal assunto acaba sempre sendo legado a um segundo, terceiro, quarto plano por aqueles que almejam nos representar, seja no executivo, seja no legislativo.
Aliás, poucos têm propostas sólidas e verdadeiras. É mais fácil ouvirmos toda sorte de soluções paliativas com relação à saúde, obras de infraestrutura, construção disso e daquilo. Quase todo mundo diz que vai construir escolas e o escambau, mas são raros os que apresentam planos educacionais consistentes, amparados por sólida base cultural. Pouquíssimos se lembram que sem uma educação cultural, tudo o que se aprende entra por um ouvido e sai por outro, o pensamento não flui e, por consequência, a cidadania vai-se embora. A pessoa aprende que a única finalidade do estudo é para se passar em vestibular ou em concurso público, e nunca para enriquecimento de seu conhecimento ou sua formação como gente.
Mas voltando aos supracitados "prêmios" - tanto do Multishow quanto o VMB da MTV e, por que não, o reality show Ídolos - não se viu nada de aproveitável. Vimos apenas o triunfo da indústria, nada de inovador ou verdadeiro apareceu, pois as mesmas caras e os mesmos estilos que as gravadoras fazem questão de ter na mídia marcaram sua presença. Entende-se por isso, medalhões que já deram o que tinham que dar e que não aguentamos mais ver na frente, ou (principalmente) aberrações com prazo de validade predeterminado, forjadas para vender muito e sumir do mapa.
As pessoas poderiam muito bem se revoltar contra isso. Mas para quê?! Aquele bendito artista premiado vai continuar tendo sua música tocada no rádio e na trilha da novela, e a gravadora vai continuar patrocinando sua veiculação onde quer que seja, pois sempre existirá um público otário para consumir aquele dejeto.
O que falta mesmo (além de vergonha na cara de uns e outros) é uma educação cultural de verdade! A tevê aberta está horrível e nossas rádios NÃO PRESTAM! Temos internet com orkut, twitter, msn, facebook etc. Mas de que vale tudo isso se não sabemos como usar?! Afinal, se as pessoas só aprendem a consumir lixo, como saberão distinguir o que vale do que não vale a pena?! O mais triste é que isso acaba se refletindo em tudo o que diz respeito às nossas vidas, desde a roupa que vestimos até as pessoas que escolhemos para nos representar.
Eu poderia muito bem pedir para meus caros leitores votarem nulo nestas eleições, pois assim eu manteria minha postura de "eterno rebelde". No entanto a coisa é muito diferente e tudo parece estar mais transparente (ou menos nublado, talvez) do que costumava estar a até bem pouco tempo atrás. Voto nulo não resolve nada! Ademais, de que vale promover uma desobediência civil se a maior parte da população é feia, banguela, passa fome, tem muitos problemas e se deixa levar por quem promete mais?! Se bem me lembro, um determinado cantor costumava questionar sobre "por que é mais forte quem sabe mentir"...
Votando nulo ou não, nossos inimigos vão assumir o poder de qualquer jeito! Afinal, eles têm cacife para bancar um bom marketing e uma assessoria competente. Melhor seria se não existisse governo, políticos, fronteiras etc. Mas como não é bem assim que a banda toca...
Portanto, vote sim! Escolha bem quem você vai pôr Lá. Ainda que nenhum daqueles em quem você votou ganhe, ao menos você vai dormir com a alma em paz e a consciência tranquila de ter feito a coisa certa.
Por hoje é isso, meus caros! Votem certo neste domingo e aguardem, pois em breve a Coluna do Max trará novidades.


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Artigo originalmente publicado no Jornal Folha do Estado, Cuiabá-MT, domingo, 03/10/2010.

3 Comentario para reflexivo ao MAXimo....

2 de outubro de 2010 às 17:18

Excelente Artigo Max!!!
Meus Parabéns! E é bom Te-lo de volta por essas bandas virtuais.

Abraçào.

4 de outubro de 2010 às 08:25

Domingo eu li um texto do Elisse Reclus, que dizia assim:

"TUDO o que pode ser dito a respeito do sufrágio pode ser resumido em uma frase:

Votar significa abrir mão do próprio poder.

Eleger um senhor, ou muitos senhores, seja por longo ou curto prazo, significa entregar a uma outra pessoa a própria liberdade.

Chamado monarca absoluto, rei constitucional ou simplesmente primeiro ministro, o candidato que levamos ao trono, ao gabinete ou ao parlamento sempre será o nosso senhor. São pessoas que colocamos “acima” de todas as leis, já que são elas que as fazem, cabendo-lhes, nesta condição, a tarefa de verificar se estão sendo obedecidas.

Votar é uma idiotice.

É tão tolo quanto acreditar que os homens comuns como nós, sejam capazes, de uma hora para outra, num piscar de olhos, de adquirir todo o conhecimento e a compreensão a respeito de tudo. E é exatamente isso que acontece. As pessoas que elegemos são obrigadas a legislar a respeito de tudo o que se passa na face da terra: como uma caixa de fósforos deve ou não ser feita, ou mesmo se o país deve ou não guerrear; como melhorar a agricultura, ou qual deve ser a melhor maneira para matar alguns árabes ou negros. É muito provável que se acredite que a inteligência destas pessoas cresça na mesma proporção em que aumenta a variedade dos assuntos com os quais elas são obrigadas a tratar.

Porém, a história e a experiência mostram-nos o contrário.

O poder exerce uma influência enlouquecedora sobre quem o detém e os parlamentos só disseminam a infelicidade.

Nas assembléias acaba sempre prevalecendo a vontade daqueles que estão, moral e intelectualmente, abaixo da média.

Votar significa formar traidores, fomentar o pior tipo de deslealdade.

Certamente os eleitores acreditam na honestidade dos candidatos e isto perdura enquanto durar o fervor e a paixão pela disputa.

Todo dia tem seu amanhã. Da mesma forma que as condições se modificam, o homem também se modifica. Hoje seu candidato se curva à sua presença; amanhã ele o esnoba. Aquele que vivia pedindo votos, transforma-se em seu senhor.

Como pode um trabalhador, que você colocou na classe dirigente, ser o mesmo que era antes já que agora ele fala de igual para igual com os opressores? Repare na subserviência tão evidente em cada um deles depois que visitam um importante industrial, ou mesmo o Rei em sua ante-sala na corte!

A atmosfera do governo não é de harmonia, mas de corrupção. Se um de nós for enviado para um lugar tão sujo, não será surpreendente regressarmos em condições deploráveis.

Por isso, não abandone sua liberdade.


Não vote!

Em vez de incumbir os outros pela defesa de seus próprios interesses, decida-se. Em vez de tentar escolher mentores que guiem suas ações futuras, seja seu próprio condutor. E faça isso agora! Homens convictos não esperam muito por uma oportunidade.

Colocar nos ombros dos outros a responsabilidade pelas suas ações é covardia.

Não vote! "

Anônimo
4 de outubro de 2010 às 11:07

Eu poderia muito bem pedir para meus caros leitores votarem nulo nestas eleições, (...) No entanto a coisa é muito diferente e tudo parece estar *menos nublado* do que costumava estar a até bem pouco tempo atrás.Voto nulo não resolve nada!
Ademais, de que vale promover uma desobediência civil se a maior parte da população é feia, banguela, passa fome, tem muitos problemas e se deixa levar por quem promete mais?!

Votando nulo ou não, nossos inimigos vão assumir o poder de qualquer jeito! Afinal, eles têm cacife para bancar um bom marketing e uma assessoria competente. Melhor seria se não existisse governo, políticos, fronteiras etc. Mas como não é bem assim que a banda toca...

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