DOMINGO LITERÁRIO: ESPECIAL – “TEATRO MÁGICO” por Bruno P. Rodrigues

Seis meses e algumas semanas e de lá para cá muita coisa já passou por esse blog, especialmente, aos domingos, ao qual foi proposta a criação de um espaço de “dica literária”, que existiria no sentido de estimular a leitura e enriquecimento de conteúdo da cena rock cuiabana, cujo nome “Domingo Literário”. Pelo mesmo, muitos romances, poesias, comentários já foram publicados. Hoje, faremos algo mais ousado. Indicaremos não uma única obra literária, mas um conjunto que encontra sua síntese no “Teatro Mágico” – banda paulista liderada por Fernando Anitelli.

O TM, de fato, é um grande encontro. Nele são nítidos elementos de teatro, circo, poesia, dança, literatura e cancioneiro popular, além da junção de diferentes segmentos artísticos, como trapezistas, atrizes, malabaristas, perna-de-pau e pirofagia.

O encanto já começa pelo nome: TEATRO MÁGICO. Inspirado em um cenário do livro “O lobo da estepe” (que também já passou por aqui...) do Herman Hesse. No livro, logo na entrada uma placa que contém a seguinte frase: “Entrada só para loucos ou raros, ao preço da RAZÃO”. O TM é dono de várias características notáveis: letras minuciosamente elaboradas, músicos vestidos de palhaços, uma grande energia positiva que emana das composições (obviamente muito longe de qualquer filantropia) e uma grande sinceridade no tratamento do cotidiano, também expresso nas letras, como a frase: ““Todo mundo é um pedacinho do outro! Todo outro é um pedacinho do mundo!”

Segundo Rômulo Lucio, em um comentário sobre o TM no OVERMUNDO, TM “é assim, simples e belo como o circo, fantástico e emocional como o teatro, compassivo e verdadeiro como um poema, e assim a vida deve ser...”



Abaixo algumas letras e links! Boa viagem a todos(as)!


REALEJO
Composição: Fernando Anitelli / Danilo Souza

“Será que a sorte virá num realejo?
Trazendo o pão da manhã
A faca e o queijo
Ou talvez... um beijo teu
Que me empreste a alegria... que me faça juntar
Todo resto do dia... meu café, meu jantar
Meu mundo inteiro...
que é tão fácil de enxergar... E chegar

Nenhum medo que possa enfrentar
Nem segredo que possa contar

Enquanto é tão cedo
Tão cedo

Enquanto for... um berço meu
Enquanto for... um terço meu
Serás vida... bem vinda
Serás viva... bem viva
Em mim

Será que a noite vira num vilarejo
vejo a ponte que levara o que desejo
admiro o que há de lindo e o que há de ser... você

Enquanto for... um berço meu
Enquanto for... um terço meu
Serás vida... bem vinda
Serás viva... bem viva
Em mim

"Os opostos se distraem
Os dispostos se atraem"


A Pedra Mais Alta
Composição: Fernando Anitelli

“Me resolvi por subir na pedra mais alta
Pra te enxergar sorrindo da pedra mais alta
Contemplar teu ar, teu movimento, teu canto
Olhos feito pérola, cabelo feito manto

Sereia bonita sentada na pedra mais alta
To pensando em me jogar de cima da pedra mais alta
Vou mergulhar, talvez bater cabeça no fundo
Vou dar braçadas remar todos mares do mundo

O medo fica maior de cima da pedra mais alta
Sou tão pequenininho de cima da pedra mais alta
Me pareço conchinha ou será que conchinha acha que sou eu?
Tudo fica confuso de cima da pedra mais alta

Quero deitar na tua escama
Teu colo confessionário
De cima da pedra não se fala em horário
Bem sei da tua dificuldade na terra
Farei o possível pra morar contigo na pedra

Sereia bonita descansa teus braços em mim
Não quero tua poesia teu tesouro escondido
Deixa a onda levar todo esboço de idéia de fim
Defina comigo o traçado do nosso sentido

Quero teu sonho visível da pedra mais alta
Quero gotas pequenas molhando a pedra mais alta
Quero a música rara o som doce choroso da flauta
Quero você inteira em minha metade de volta”

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