COLUNA ALTERNATIVA : "OS GUARDIÕES, O CÍRCULO VICIOSO E A FRONTEIRA" por Edson Santana (PARTE II)
(O Papa é pop...)
Confira a primeira parte aqui!
"Os sinais gráficos de pontuação também são mesclados: aparecem os dois pontos no verso 2 e no verso 21; aparecem duas vírgulas no verso 9, uma no verso 27, uma no verso 28 e uma no verso 35; há reticências a abrir o primeiro verso da terceira estrofe e a fechar o quarto verso da mesma estrofe; e há ainda aspas sendo abertas nos versos 3 e 17 e fechadas nos 4 e 18.
Entre as palavras que compõem o poema, constatamos a presença marcante e reiterada dos verbos ouvir, dizer, fazer e atirar – todos de ação. Junto de tais verbos, que não são os únicos, estão também o advérbio além, os substantivos fronteira e mito, as letras T e V, que juntas formam a abreviação convencional tanto de aparelho televisor como de televisão (TV), e os pronomes eu, nós e eles.
Das três estanças, as duas primeiras são abertas pelo advérbio antes e a terceira, pelas reticências e o verbo ser no pretérito perfeito do indicativo, o que divide o texto aparentemente em três partes.
O poema narra fatos nos quais estava envolvido o indivíduo-lírico. Tal indivíduo, primeiro, atira o vaso na TV depois de ouvir algo que ela diz; em seguida, atira a TV pela janela ainda depois de ter ouvido o que ela dizia e, em um terceiro momento, joga as cartas na mesa e resolve fazer o que quer com sua própria vida.
Ao fato de o poema ser aberto pelo advérbio “antes”, que funciona com um dêitico temporal, equivale dizer que algo precedeu a ação de atirar a TV pela janela (na lógica, um antes pressupõe um depois). Notemos também que toda a estrofe, exceto o primeiro verso, que denota uma ação posterior, é marcada por verbos de ação, mas a ação está centrada sempre em uma terceira pessoa – em princípio o aparelho televisor, depois um sujeito eles – e quando o eu é sujeito do verbo de ação, a única ação que ele tem é a de ouvir. A esta altura é importante que, pelo menos, mencionemos Theodor Adorno e Max Horkheimer (2002) que, ao tratar da indústria cultural, fazem uma distinção entre o telefone e o rádio, dizendo que este alcança todos sem distinção ou possibilidade de fuga e que aquele dá ao indivíduo a escolha de usá-lo ou não. Destarte, em relação ao telefone, o indivíduo ainda é sujeito detentor de um poder falar e um poder ouvir, ao passo que o rádio inibe a ação do indivíduo, transformando-o em objeto ou, no máximo, em sujeito passivo.
Proféticos, Adorno e Horkheimer já aludiam a tv, substituto natural, no contexto do eu-lírico, para o rádio e o telefone" (CONTINUA...)
Acesse o Blog de Edson Santana!
Já acessou o My Space da OCT?
*Texto postado por Bruno P. Rodriguês/Equipe OCT e Pleyades
Confira a primeira parte aqui!
"Os sinais gráficos de pontuação também são mesclados: aparecem os dois pontos no verso 2 e no verso 21; aparecem duas vírgulas no verso 9, uma no verso 27, uma no verso 28 e uma no verso 35; há reticências a abrir o primeiro verso da terceira estrofe e a fechar o quarto verso da mesma estrofe; e há ainda aspas sendo abertas nos versos 3 e 17 e fechadas nos 4 e 18.
Entre as palavras que compõem o poema, constatamos a presença marcante e reiterada dos verbos ouvir, dizer, fazer e atirar – todos de ação. Junto de tais verbos, que não são os únicos, estão também o advérbio além, os substantivos fronteira e mito, as letras T e V, que juntas formam a abreviação convencional tanto de aparelho televisor como de televisão (TV), e os pronomes eu, nós e eles.
Das três estanças, as duas primeiras são abertas pelo advérbio antes e a terceira, pelas reticências e o verbo ser no pretérito perfeito do indicativo, o que divide o texto aparentemente em três partes.
O poema narra fatos nos quais estava envolvido o indivíduo-lírico. Tal indivíduo, primeiro, atira o vaso na TV depois de ouvir algo que ela diz; em seguida, atira a TV pela janela ainda depois de ter ouvido o que ela dizia e, em um terceiro momento, joga as cartas na mesa e resolve fazer o que quer com sua própria vida.
Ao fato de o poema ser aberto pelo advérbio “antes”, que funciona com um dêitico temporal, equivale dizer que algo precedeu a ação de atirar a TV pela janela (na lógica, um antes pressupõe um depois). Notemos também que toda a estrofe, exceto o primeiro verso, que denota uma ação posterior, é marcada por verbos de ação, mas a ação está centrada sempre em uma terceira pessoa – em princípio o aparelho televisor, depois um sujeito eles – e quando o eu é sujeito do verbo de ação, a única ação que ele tem é a de ouvir. A esta altura é importante que, pelo menos, mencionemos Theodor Adorno e Max Horkheimer (2002) que, ao tratar da indústria cultural, fazem uma distinção entre o telefone e o rádio, dizendo que este alcança todos sem distinção ou possibilidade de fuga e que aquele dá ao indivíduo a escolha de usá-lo ou não. Destarte, em relação ao telefone, o indivíduo ainda é sujeito detentor de um poder falar e um poder ouvir, ao passo que o rádio inibe a ação do indivíduo, transformando-o em objeto ou, no máximo, em sujeito passivo.
Proféticos, Adorno e Horkheimer já aludiam a tv, substituto natural, no contexto do eu-lírico, para o rádio e o telefone" (CONTINUA...)
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*Texto postado por Bruno P. Rodriguês/Equipe OCT e Pleyades
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