COLUNA ALTERNATIVA : "OS GUARDIÕES, O CÍRCULO VICIOSO E A FRONTEIRA" por Edson Santana



Saudações a todos(as)! A partir de hoje disponibilizaremos ao menos uma vez por semana a "Coluna Alternativa". Nesta, serão postadas entrevistas, artigos e trechos de trabalhos desenvolvidos por profissionais que trabalham com artes. Quem dará o ponta-pé inicial é o nosso já conhecido camarada EDSON SANTANA - mestrando em Letras na UFMT e autor de uma monográfia sobre as letras de Humberto Gessinger (Engenheiros do Hawai). Edson disponibilizou inicialmente o primeiro capítulo de sua monografia:"OS GUARDIÕES, O CÍRCULO VICIOSO E A FRONTEIRA". Para o post não ficar muito extenso, iremos portar em partes. Aproveitem!

"CAPÍTULO I
OS GUARDIÕES, O CÍRCULO VICIOSO E A FRONTEIRA

OS GUARDAS DA FRONTEIRA

1. Antes de atirar o vaso na TV
2. Eu ouvi o que ela dizia:
3. “Quando não houver mais amanhã
4. Será um belo dia”
5. Estranha coisa pra se dizer
6. Antes de dizer os números da loteria
7. Mas é assim que eles fazem
8. E fazem muito bem
9. E nós não fazemos nada, nada, nada
10. Nada além
11. Além do mito
12. Que limita o infinito
13. E da cegueira
14. Dos guardas da fronteira

15. Antes de atirar minha TV pela janela
16. Eu ouvi o que ela dizia
17. “Quando não houver mais ninguém
18. Será um belo dia”
19. Estranha coisa pra se dizer
20. Antes de vender mais mercadoria
21. Mas é assim o mundo que nos cerca:
22. Nos cerca muito bem
23. E as crises e cicatrizes
24. Não nos deixam ir além
25. Além do mito
26. Que limita o infinito
27. Além da cegueira,
28. Das barreiras, das fronteiras

29. ...Foi então que eu resolvi jogar
30. As cartas na mesa e o vaso pela janela
31. Só pra ver o que acontece na vida
32. Quando alguém faz o que quer com ela...
33. Acontece que eu não tenho escolha
34. Por isso mesmo é que eu sou livre
35. Não sou eu o mentiroso,
36. Foi Sartre quem escreveu o livro
37. Não sou afim de violência
38. Mas paciência tem limite
39. Além do mito
40. Que limita o infinito
41. Além do dia-a-dia
42. Que esvazia a fantasia


Analisamos, aqui, o poema “Os Guardas da fronteira”, do álbum A revolta dos dândis, que veio a público em 1987. É de grande importância, para uma compreensão mais global do texto, deixarmos registrado que a década de 1980 é marcada, no Brasil, pelo (teórico) fim do golpe militar, pela ascensão à presidência da República, de José Sarney, pelo total fracasso na tentativa de consertar os rombos econômico e social deixados pelos governos ditatoriais, pela aprovação da Constituição do Brasil e pelo processo de suposta redemocratização de nosso país através da eleição indireta de um presidente civil em 1985 (numa última manobra dos militares) e do processo eleitoral de 1989 – que é justamente quando entra em cena um novo modelo de ditadura, a mídia. Já o mundo, naquela mesma época, enfrentava o fim da União Soviética, a queda do Muro de Berlim, o fim (abrandamento) da Guerra Fria, e a propagação (desenfreada) do Neoliberalismo pelo mundo (juntamente com todas as suas contundentes conseqüências sociais e naturais ao planeta) .

No que tange à forma, o texto em análise é de uma complexidade bastante contemporânea e só tornada comum a partir do Modernismo : é composto por três estâncias isostróficas e heterométricas. As estrofes possuem, todas, o mesmo número de versos, 14, mas os versos, por sua vez, não obedecem, aparentemente, a um padrão; são diferentes entre si, ao passo que as rimas também não obedecem a esquema algum: alternam-se entre leoninas, finais, em eco, encadeadas e reiterantes – aqui as chamaremos rimas em avalanche. O ritmo do texto também é irregular, mas sua heterorritmia alucinante é marcada pelas insistentes elisões e pelos constantes encadeamentos entre os versos." (continua...)

* Blog de Edson Santana:

*Já acessou o My space da OCT?

*Postado por Bruno P. Rodriguês/Equipe OCT e Pleyades

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