Posted by Bruno Rodrigues Categories: Marcadores:

O termo "supergrupo" foi cunhado na segunda metade dos anos 60 por ocasião da formação do Cream, que, como você sabe, era formado por três músicos conhecidíssimos na cena musical inglesa da época e que eram oriundos de grupos famosos - Eric Clapton veio da banda de John Mayall, o Blues Breakers; Jack Bruce saiu do Manfred Mann e Ginger Baker era oriundo do Graham Bond Organization.

A partir de então, toda vez que músicos de outras bandas se reuniam, a palavra "supergrupo" era usada sem parcimônia tanto pela critica especializada quanto pelo público - o exemplo mais recente disso foi o hoje extinto Audioslave, que trazia ¾ do Rage Against the Machine ao lado do ex-vocalista do Soundgarden, Chris Cornell.

Pois bem, a palavra veio à mente de todos quando, em uma entrevista para a ótima revista inglesa Mojo, Dave Grohl disse que iria criar um projeto ao lado de Josh Homme (líder do Queens of the Stone Age) e o mítico ex-baixista do Led Zeppelin, John Paul Jones. Quatro anos depois, o resultado disso está em um dos mais aguardados discos de estreia dos últimos tempos.

Batizado com o nome do grupo - Them Crooked Vultures -, o CD que acaba de ser lançado no Brasil deixa claro que um "supergrupo" tem que fazer jus ao termo não apenas reunindo figuras estelares, mas também apresentando um resultado musical acima da média. E é justamente o ponto alto deste disco.

Chega a ser uma experiência desconcertante ouvir a faixa de abertura, "No One Loves Me & Neither Do I", e perceber uma nítida influência do... Cream! Na primeira parte da canção, até mesmo a voz de Homme emula as linhas vocais que fizeram a fama de Bruce como vocalista, ao lado de um certo "distanciamento" sonoro que remete à sonoridade do trio sessentista. Na segunda parte, têm-se a impressão que a banda resolveu homenagear o Led Zeppelin, tamanha é a potência imprimida ao som, com Grohl fazendo uma típica levada do falecido John Bonham e Jones "engordurando" a canção com linhas sinuosas e quebradas.

Em "Mind Eraser, No Chaser", o trio se aproxima de um cruzamento do QotSA com o Foo Fighters, só que encharcado em óleos 'zeppelinianos', o mesmo acontecendo nas ótimas "New Fang", "Bandoliers" e "Dead End Friends".

Os ecos de Led Zeppelin aparecem mais explicitamente na pesadíssima e quase 'quebrada' "Elephants", com Homme fazendo um trabalho guitarrístico que deixaria o próprio Jimmy Page orgulhoso (veja aqui esta paulada ). Como não lembrar de um dos maiores clássicos da ex-banda de Jones ("Trampled Underfoot") quando este enxerta levadas de clavinete no meio de uma saraivada de guitarras e da poderosa bateria de Grohl em "Scumbug Blues" (veja aqui), outra faixa em que Homme homenageia os vocais do lendário baixista do Cream? Isso sem contar a psicodelia psicótica de "Caligula Love".

Para quem gosta de pequenos experimentalismos, "Reptiles" traz vocalizações inusitadas e licks de guitarra meio bizarros em cumplicidade com uma levada rítmica não menos que sensacional. Há também o clima sombrio de "Interlude with Ludes" e as intensas variações de dinâmicas e atmosferas sônicas em "Warsaw or the First Breath You Take After You Give Up" e "Spinning in Daffodils".

Em tempos em que qualquer banda de zé-manés é chamada de "clássica", não deixa de ser reconfortante saber que existem três caras fazendo um som que pode levar as futuras gerações a gostarem de algo chamado "música".

Aqui alguns videos do "supergrupo":







FONTE: YAHOO ENTRETENIMENTO

2 Comentario para "Enfim, um supergrupo (Them Crooked Vultures)", por Regis Tadeu.

15 de janeiro de 2010 às 14:00

Já baixei e ouvi o álbum, e sinceramente o titulo de “Supergrupo” não condiz com a realidade.
É decepcionante ver 3 super músicos se prestando a um projetinho desses, tocando musiquinhas da moda.
Para quem esperava algo inovador, um som que trouxesse a essência do Rock de volta... Esqueça.
Pois o que vocês irão ouvir é a velha receita... “Em time que está ganhando não se mexe.”
Ou seja, é melhor fazer um som que venda (Indie) do que ousar e reinventar.

Anônimo
8 de maio de 2013 às 21:50

Também tive a Impressão de ser um "Em time que está ganhando não se mexe"... Poha, O talento que os caras têm.... Tempo de sobra para gravar o que querem, a hora que bem querem.... pow.... esperava um "Som" totalmente inovador, enfim, não é de todo ruim, pelo contrário.

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