Posted by Maximiliano Merege Categories: Marcadores: , , , , ,

A coluna do Max bem que poderia falar sobre o mítico dia 8 de dezembro, no qual nasceram David Caradine (1933), Jim Morrison (1943), Kim Bassinger (1953) e Marty Friedman (1963),e morreram caras como John Lennon (1980) Tom Jobim (1994) e Dimebag Darrell (2004); entretanto, é sobre uma figura pra lá de carimbada, que no último dia 7 completou exatos 60 anos e que há muito queríamos que caísse pelos cantos desta coluna: Tom Waits.

Com sua voz rouca e grossa, enxarcada de álcool e cigarros, Waits nos transporta para um mundo povoado por antiheróis que, de um jeito ou de outro, fazem de seus dias histórias memoráveis.

Thomas Alan Waits, ou simplesmene Tom Waits, nasceu na cidade de Pomona, na California, no dia 7 de dezembro de 1949. Filho de uma mãe noroeguesa e de um pai irlandes, desde cedo aprendeu a apreciar a boa música, pois além das influências folk de berço, seu aprendizado foi marcado pelas viagens que fazia com o pai para o México, onde aprendeu a apreciar as canções dos mariachis. Começou a tocar por conta própria, fuçando os instrumentos da vizinhança: violões, harmônicas e pianos.

Em meados da década de 60, resolveu que deveria formar uma banda. Contudo, nada do que se produzia então lhe agradava aos ouvidos. Somente em 1972, após inúmeras tentativas frustradas de gravar algo é que Waits finalmente assina com a Asylum Records e consegue fazer o seu primeiro disco: "Closing Time"; lançado só ano seguinte. A crítica não deu muita bola, mas o álbum chamou a atenção de gente como Tim Buckley, que regravou "Martha" em seu disco "Sefronia", e The Eagles, que apresentou uma interpretação muito particular de "Ol' '55".

Eis que o artista ganha uma projeção cada vez maior e marca a década de 70 com uma série pérolas como: "The Heart of Saturday Night" (1974), "Nighthawks at the Diner" (1975), "Small Change" (1976), "Foreign Affairs" (1977) e "Blue Valentine" (1978); obras nas quais destilaria toda sua veia de contador de histórias de amor, ódio, violência, paixão, nirvanas e perversões, e onde as influências de blues, jazz e vauldeville o fariam muito mais punk que os punks de então.

A década de 80 começa com o disco "Heartattack and Vine", que vem com a clássica "Jersey Girl", marcando sua saída da Asylum. Ainda em 1980, Waits começa uma grande parceria com Francis Ford Copolla, atuando e gravando a trilha sonora para o filme "Do Fundo do Coração", ao lado da cantora Crystal Gayle, e onde, além de uma trilha sonora cotada para o Grammy, conquista o coração de Kathleen Brenan, sua musa, produtora e companheira até hoje.

Sainddo da Asylum, Tom Waits assina com a Island, e a partir de então lança uma trilogia no melhor estilo Kurt Weil, formada por: "Swordfishtrombones" (1983), "Rain Dogs" (1985) e "Frank's wild Years" (1986). Essa série contou com importantes contribuições, de caras como Marc Ribot, Robert Quine e Keith Richards. Seu maior sucesso foi a música "Downtown Train", que inclusive foi regravada por Rod Stewart. Ainda em 1986, Waits participa do filme "Down By Low", de Jim Jarmush, e de quebra ainda toca piano e canta da música "Sleep Tonight", do album "Dirty Work" dos Rolling Stones.

Nos anos 90, participou de diversas trilhas para musicais. Com os discos "Bone Machine" (1992), "The Black Rider" (1993) e "Mule Variations" (1999) seu nome atingiu status há muito esperado. De um temos "I Don't Wanna Grow Up", de outro "It Ain't No Sin", honrada pela presença do escritor William Borroughs, e por fim a comovente "Hold On". Em 1994 contou com uma regravação de Johnny Cash para "Down Here By The Train" e, no ano seguinte, foi homenageado pelos Ramones com uma interpretação muito própria para "I Don't Want To Grow Up". Em 1992 e 1999 ganha o Grammy.

Nos anos 2000, sua aura cult ganhou novos contornos e Waits lançou várias maravilhas como "Alice" e "Blood Money" (lançados simultaneamente em 2002), "Real Gone" (2004), uma coletânea tripla de lados b "Orphans: Brawlers, Bawlers & Bastards" (2006), e mais recentemente, a coletânea dupla ao vivo "Glitter And Doom" (2009).

Ano passado, a atriz Scarlett Johanson gravou "Anywhere I Lay My Head", um cedê só com músicas de Waits, e para completar, o paranaense Carlos Careqa também fez "À Espera de Tom", só com releituras em portugues para a obra do mestre. Em São Paulo, a pianista Cida Moreira, em parceria com o ator André Frateschi, tem apresentado um belo show apenas com músicas de Tom Waits.

Muitos tentaram, mas poucos conseguiram relatar tão fidedignamente o universo dos derrotados - Leonard Cohen e Bob Dylan ainda são os principais nomes; contudo, Waits se destaca por tornar tudo clássico, coisas sujas e belas, limpas e horríveis, andando por meios onde sequer os mais malditos ousaram circular.
Aliás, quem foi que disse que o bom poeta é aquele que só fala das coisas boas e belas da vida? Pois bem, verdade das verdades é que Tom Waits não é um bom poeta, mas um poeta de verdade que canta todos os lados da vida humana, seja na tragédia, seja na comédia.


Conheça a discografia comentada por Cleiner Micceno, no blog STALKER SHOTS

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Originalmente publicado no caderno Folha 3, jornal Folha do Estado, Cuiaba-MT, dia 06/12/2009


Introdução do filme DOWN BY LAW, de Jim Jarmush, ao som de "Jockey Full Of Bourbon", com participação do próprio Tom Waits - esse filme passava diretão na Band lá por 89 e 90!


Warm Beer, Cold women


Rain Dogs


Chocolate Jesus


God's Away On Business


Hold On


I Don't Wanna Grow Up

3 Comentario para TOM WAITS for me and you...

9 de dezembro de 2009 às 14:32

Fantástico Max! Valeu por compartilhar conosco essas informações! Estou ouvindo o áudio de todos os videos aqui!

Abração!

9 de dezembro de 2009 às 19:57

Obrigadão, Bruno. Apenas cumprindo meu dever na Irmandade.

Abração.

22 de novembro de 2010 às 11:39

Boa Max!! Muito Massa!!!
Concordo com VC..os bons poetas nao tem que falar somente sobre as coisas boas, mas sim sobre tudo que envolve a Vida neste Planeta!

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