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Vês! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão - esta pantera -

Foi tua companheira inseparável!


Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.


Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.


Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!


Quem não conhece Augusto dos Anjos? O poeta do pessimismo, o poeta com o vocabulário mais sinistro já escrito, o poeta da medicina e da putrefação. Com apenas um livro "Eu e outras poesias", este autor conseguiu entrar para a história da Literatura. Também, pudera... com esses versos potentes, não poderia, jamais, ser ignorado.

3 Comentario para Augusto dos Anjos - Versos Íntimos

6 de abril de 2009 às 21:54

Como ignorar Augusto dos Anjos?!

Parabéns Rudny! Foda demais a dica de hoje!

6 de abril de 2009 às 22:06

Aquele que ignora Algusto dos Anjos,
Ignora a si mesmo.

7 de abril de 2009 às 08:49

AGORA SIM, TENHO QUE CONCORDAR COM VCES, ESSE SIM É UM VERDADEIRO AUTOR, SUA OBRA ATRAVESSA OS ANOS COMO SE FOSSE CONTEPORANEA A TODOS OS INSTANTES!

A. DOS ANJOS!

Toda vez que eu me embebedo
Caio duro e não me arredo
Desse chão de puro barro;
E cospem na minha boca...
Prossigo, de forma louca,
Bebendo cuspe e catarro.

Minha boca vai inchando
Com cuspe que vão jogando,
-- Quantia de encher um jarro! -
Mas até que eu acho lindo...
Sendo assim, vou prosseguindo
Bebendo cuspe e catarro.

O catarro é muito grosso,
Daria p’ra encher um poço
Mas eu bebo o espesso escarro;
As pessoas, meu amigo,
Vão cuspindo e eu prossigo
Bebendo cuspe e catarro.

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