Posted by Bruno Rodrigues Categories: Marcadores:



De algumas semanas para cá o circuito da música independente brasileira tem estremecido com fortes críticas à Abrafin (Associação Brasileira de Festivais Independentes) e Fora-do-eixo. No último dia 27 de junho, foi a vez do jornalista Mario Marques, do site especializado Laboratório Pop. Segundo este, a Abrafin está perto do colapso, pois recentemente grandes Festivais se desligaram da Entidade - como o "Abril Pro Rock", "Mada" e "Porão do Rock". Ainda de acordo com o jornalista, em seis anos de existência da mesma, foram investidos vultosas somas de recursos pelo poder público e toda esta soma não gerou absolutamente nenhum retorno ou lançamento de algum artísta com relevância nacional, apenas "delírios independentes". Abaixo o texto na íntegra, que diga-se de passagem, levanta um debate muito importante para quem está envolvido direta ou indiretamente com a "cena cuiabana":

O FIM DA MEDIOCRIDADE

Este texto não é um artigo. É um aviso. Que poderia ser mais rápido, conciso. Apenas um aviso necessário. Mas é necessário também explicar o porquê desse aviso. Peço licença para estender-me. Mesmo porque tenho que ser rápido. Porque aqui se trabalha muito e não temos verba pública para fazer a coisa funcionar. Com orgulho.

Nos últimos seis anos, uma turma de produtores irrelevantes de bandas irrelevantes e de festivais ainda menos do que irrelevantes disse, como um mantra, para as bandas brasileiras iniciantes, que o caminho era tocar sem pensar em fazer sucesso, trotando em cima de uma tal "cadeia produtiva".

Alinharam-se em seminários, palestras e reuniões e, com suas postulações sindicalistas absurdas, quase gaiatas, angariaram apoio de, estes, sim, produtores de verdade: Jomardo Jomas (Mada), Paulo André (Abril Pro Rock), Aluiser Malab (Eletrônica), Gustavo Sá (Porão do Rock), fazendo-os crer que a união fazia a força.

No caso, a união se referia especificamente a buscar verbas públicas para a realização de delírios independentes. Não fossem os produtores, os irrelevantes, os piores curadores de música que já se teve notícia, até se aceitaria um movimento desses. Não fossem as verbas direcionadas a bandas dos próprios produtores – sinceramente, quem acha Camarones Orquestra Sei Lá o Quê e MQN passíveis de subir a um palco como algo digerível?

Além de promoverem suas próprias bandas medíocres, que antes estavam no lugar certo – o ostracismo – os produtores irrelevantes fizeram emergir tudo o que de pior havia na música brasileira: os jornalistas mais despreparados, que trocaram opiniões por passagens para Cuiabá e cervejas e coxinhas; as bandas mais mulambas e inacreditáveis do mundo (acreditou-se que Black Drawing Chalks e Mini Box Lunar eram estrelas do pop); montaram palcos e mais palcos Brasil afora para abrigar artistas abaixo da crítica, que jamais teriam espaço em lugar nenhum.

Empresas públicas como a Petrobras entraram nesse circuito medonho e bancaram algumas dessas atrocidades culturais. É sério: nossa companhia petrolífera liberou cheques para que um sem-número de artistas sem talento plugasse guitarras desafinadas em amplificadores pancados.

Enquanto isso, Mada, Eletrônica, Abril Pro Rock e Porão do Rock assinavam embaixo, chancelavam e davam vulto a esse grupo menor de sindicalistas do rock.

Pois, nariz de cera razoavelmente encerado, chegamos ao aviso.

Mada, Abril Pro Rock, Eletrônica e Porão do Rock acabam de abandonar o sindicato dos indies de Cuiabá, a Abrafin.

Nem se pode dizer que a Abrafin chegou ao fim, porque de fato ela nunca existiu porque não influenciou em absolutamente nada no circuito independente. Passados seis anos, nem sequer um artista lançado ali alçou voo mais alto. Passados seis anos, não surgiu um só festival independente de vulto.

Não se pode dizer que os eventos de Cuiabá e Goiânia sejam dignos de nota.

Os grandes festivais, de produtores importantes da música brasileira - leiam sobre Paulo André, que lançou Chico Science e Cascabulho – saíram em bloco desse sindicato de música muito ruim.

Demoraram bastante, eu diria.

Mas saíram. Do que vive a Abrafin agora? Não sabemos. Mas saberemos.

O que sabemos é que milhares de bandas acreditaram nesse eldorado do patético, dos discursos apocalípticos de que o novo mercado era um mercado que não precisava de aplausos. Faz show para cinco pessoas? Não tem problema. O que importa é sua atitude. Todo mundo acha sua banda um horror? Não se importe. Vem pra Abrafin que aqui é lugar de banda ruim.

A Petrobras e outras entidades públicas já sabem que os grandes festivais deixaram o maior polo fabricador de banda ruim do Brasil?

Façamos saber.

FONTE: LABORATÓRIO POP

1 Comentario para "O fim da mediocridade" por Mario Marques.

lleozinho
7 de julho de 2011 às 14:24

SAUDADE DE ZUAR O BEIÇOLA...

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