Posted by Maximiliano Merege Categories: Marcadores: , , , , , ,

Certa vez, na aula literatura, uma professora comentou: "o melhor poeta não é o que entope sua obra com ricas rimas e arranca lágrimas do leitor com coisas profundamente superficiais, mas o que expressa sabiamente sua realidade, seu tempo e o espaço onde vive"; o que se aplica perfeitamente ao grupo em questão, ainda mais quando se trata de coisas atemporais e dilemas universais, certos detalhes preenchem muito bem inúmeras lacunas de nossos dias, pois por mais felicidade e sucesso que tenhamos na vida, nunca seremos pessoas 100% resolvidas.
Há poucos dias, uma querida amiga minha, a Miss Jhei, recheou o meu mural do facebook com inúmeros vídeos de um irreverente grupo alemão chamado The Baseballs, especializado em fazer releituras 50s para hits das últimas duas décadas. Tudo bem, eles são ótimos e mandam muito bem, mas a coisa pára por aí.
Todavia, mesmo distante da grande mídia, exceto por um single que recentemente foi tema de uma novela praiana, os corações brasileiros (ao menos os que estão na casa dos 30, como este que vos escreve) guardam consigo, não apenas por mero saudosismo de suas letras açucaradamente marotas, mas também pela qualidade sonora, algo realmente precioso...
Pois bem, em tempos ligeiramente remotos já tivemos (e de certa forma ainda temos) uma galerinha que não ficava devendo nada aos doowopeiros teutônicos. Estou falando da João Penca & Seus Miquinhos Amestrados, uma das melhores coisas que o rock brasileiro produziu na década de 80! Para ser bem franco, a coisa toda nasceu no meio dos anos 70, em algum lugar entre o pátio da escola e a vizinhança do bairro, no Rio de Janeiro, mas só aconteceu mesmo em 82, quando se lançaram como apoio vocal do cantor Eduardo Duzek no famigerado "Rock da Cachorra", época em que também contavam em suas fileiras com um jovem talentoso Leo Jaime.
Junto a nomes como Ultraje A Rigor e Blitz, João Penca & Seus Miquinhos Amestrados ajudaram a quebrar tabús da grande mídia com seu humor sacana e por vezes picante. O que não faltava era um mundo de referências ao romantismo de outrora, como ao doowop, à surf music e a filmes que eram muito comuns na TV entre as 14h e 17h (tais quais os de Elvis Presley e os beach party), recheados de surf e "hully gully" em que todos dançavam junto a alguma fogueira em alguma praia. Ainda que com forte influência dos anos 50 e 60, e produzido nos anos 80 e 90, seu som não corre o risco de soar datado (como é o caso de uma infinidade de contemporâneos seus), principalmente se compararmos a aqueles que até hoje fazem tournées caçaníqueis pelo Brasil.
No rádio era muito comum ouvirmos pérolas como "Lágrimas de Crocodilo", "Como Macaco Gosta de Banana", "Popstar", "Papa Uma" e por aí vai... Na televisão não era diferente, já que na finada tevê Manchete eles eram presença constante nos programas da (então aspirante a apresentadora) Angélica. Não obstante, costumeiramente arrancavam suspiros das meninas e coros uníssonos no Cassino do Chacrinha, no programa da Hebe, e também, em clássicos da programação infantojuvenil como a Xuxa pela manhã, e a Mara Maravilha à tarde, isso sem falar no filme "Luar de Cristal" onde Avelar vivia o Mauricinho, o primo transviado da Xuxa. Nas novelas, não importava o horário, pois era de praxe nos depararmos com algumas de suas canções, o que muitas vezes, salvava as produções de um total desastre (haja vista que é mais fácil as pessoas se lembrarem da música que da novela), uma vez que sua última empreitada no gênero foi o single "Sol, Som, Surfe e Sal", uma bem humorada versão para o clássico "Surfin' Safari" dos Beach Boys, que foi tema da novela global "Três Irmãs", entre 2008 e 2009.
Encabeçada pelo trio vocal Avellar Love, Bob Gallo e Selvagem Big Abreu; o JPMA também conta desde sempre com a exímia base instrumental de Dôdo Ferreira (baixo), Sérgio Melo (bateria) e Ricardo Palmeira (guitarra).
Em sua discografia básica temos: "Os Maiores Sucessos de João Penca & Seus Miquinhos Amestrados" (1983), "OK My Gay" (1985), "Além da Alienação" (1988), "Sucesso do Inconsciente" (1989), "Cem Anos de Rock'n Roll" (1990), "A Festa dos Micos" (1993) e a coletânea "Hot 20" (2001); dos quais, apenas os dois últimos continuam em catálogo. No entanto, graças ao dedicado trabalho dos fãs que não deixam a chama se apagar, todos são facilmente encontráveis para download, principalmente em blogs especializados ou em comunidades de orkut, basta saber procurar.
Por hoje é isso, meus caros. Um "aloha" a todos e até a próxima!



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Max Merege, colunista de rock da FOLHA DO ESTADO, é fã de JPMA desde criancinha!

A coluna de hoje é dedica ao senhor Lloyd Knibb, o lendário baterista jamaicano e um dos pais do reggae, que passou para o outro lado da vida na última quinta feira, aos 80 anos, enquanto dormia.

VIDEOS...
PAPA UMA (1989)


LÁGRIMAS DE CROCODILO (1986)


MAITINÉ NO RIAN (HEBE, 1989)


POPSTAR (REUNIÃO, 2008)


SOL, SOM, SURF E SAL (2008)


JOHNNY PIROU (com ULTRAJE A RIGOR, 1986)




veja também
BONS CEDÊS que o Max recomenda!

3 Comentario para COLUNA DO MAX: JOÃO PENCA, UMA LICAO NOS BANANAS DO ROCK....

Anônimo
14 de maio de 2011 às 23:50

disco "A FESTA DOS MICOS" (1993):
http://www.mediafire.com/?n5nx9dudcf921de

Sandro Lemos
15 de maio de 2011 às 10:40

Muito bom, Max!
Isso aí faz parte da minha infância.
Pena que o jornal cagou com a matéria, mas ainda bem que vc pode postar num site que é bem acessado e que dá a possibilidade de postar mais fotos e vídeos, principalmente pra quem tá conhecendo agora.

Meu parabéns!!!

Um abraço.

Anônimo
18 de fevereiro de 2014 às 22:18

Salve Max! Obrigado pelos elogios. Vou dormir mais alegre :o)

Abraço
Abreu

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