MC5

Posted by Maximiliano Merege Categories: Marcadores: , , , ,


Queridos leitores,
Sei que o quanto sentiram minha falta por essas últimas semanas. Pois bem, o "recesso" foi algo mais do que necessário, pois como todos já estamos cansados de saber, pesquisadores nunca entram em recesso de fato, já que a cada segundo poem suas cabeças para funcionar, seja atrás de novidades do presente ou desenterrando tesouros do passado.
Não faz muito, fui para Curitiba, passar o Natal com meus familiares que moram por lá, e nesse ensejo aproveitei para dar umas saídas, rever lugares e reencontrar antigos companheiros. Numa dessas, fui tomar uma cerveja no famoso Chinaski Bar e lá eu vi meu velho amigo Daniel Cana com uma camiseta do MC5. Não resisti e lhe fiz uma proposta: "hey, Cana, quer trocar essa camiseta por uma novinha da Santa Cruz Skate ?" Ele olhou, pensou... e disse: "valeu mesmo, Max, mas essa aqui é preciosa pra mim; afinal, ganhei numa aposta com o Paulo Bosta". Beleza! Nisso eu tive um estalo, já que fazia um bom tempo que o Henhippie me cobrava uma matéria sobre esses caras e eu sempre postergava. Bem que eu podia escrever sobre um grande ídolo meu, o Rei do Rock, Elvis Aaron Presley; afinal, comemoramos seus 75 anos, mas não! Até porque o que não falta é veículo falando d'Ele. Assim sendo, com vocês, hoje: MC5 !


Heróis da Pauleira

Primeiramente, MC5 não é banda de funk e nem tampouco um grupo de hip-hop com cinco MCs, mas uma turma que lançou as sementes do rock pauleira das décadas posteriores aos 60 até os dias de hoje, e cuja nome significa Motor City Five (trad: Os Cinco da Cidade Motor), já que aludia à vida na cidade de norte-americana de Detroit, terra da Ford, GM, Chrysler etc e de um GP de Formula 1. Ou seja, MC5 é certeza de rock de altíssima octanagem, já que todos os seus membros aprenderam antes mesmo de tocar a distiguir os carros pelo barulho do motor.
Começaram a tocar em 1964, pelo circuito de colégios e tudo quanto era biboca da região de Detroit e Ann Arbour, influenciados principalmente pelo rhythm'n'blues de Chicago e, é claro, pelo ronco dos motores. A banda começou com os amigos de infância e guitarristas Fred "Sonic" Smith & Wayne Kramer, que em seguida recrutariam Rob Tyner para os vocais, Pat Burrows para o baixo e Bob Gaspar para a bateria. Tornaram-se os Reis da área e literalmente bagunçaram o coreto na região!
Tanto sua sonoridade quanto sua postura política e o teor de suas letras refletiam algo extremamente revolucionário, e isso sempre mantinha a polícia no seu pé. Lançaram no comecinho de 68 o seu primeiro single: "Borderline" e "Looking at You." Ainda na mesma época, Danny Fields, executivo da Elektra Records, deu o ar da graça por Detroit e acabou contratando o MC5 e seus conterrâneos, os Stooges. Danny Fields entrou para a história e arrumou uma bomba nuclear para a vida, já que tanto MC5 quanto os Stooges faziam os Doors (outro nome de peso da gravadora então) parecem mocinhos de família. No Halloween do mesmo ano gravaram ao vivo no Detroit's Grand Ballroom todo o material que figuraria no antológico disco "Kick Out The Jams". "Kick Ou The Jams", aliás, deu o que falar na época, já que na música, originalmente, Rob Tyner gritava "Kick Out The Jams! Motherfuckers!!!!!!" ("Vamos quebrar essa po**a, seus FDPs!!!!!"). Ao mesmo tempo em que lojas se recusavam a vender o disco, a gravadora instruia os rapazes a trocarem o "motherfuckers" por "brothers and sisters".
Partidários de esquerda, muito anos antes do Rage Against The Machine sonhar em se engajar politicamente, eles já integravam a turma dos White Panters, um grupo parceiro dos Black Panthers e que também brigava contra as desigualdades sociais e a guerra do Vietnã. Até o final da banda, gavariam ainda outros dois elepês: "Back In The USA" e "High Time".
Entretanto, mesmo tendo o grupo "pendurado as chuteiras" em 1972, seu legado continuou avassalador, pois tornaram-se influência sagrada tanto para o punk quanto para o metal e todo o rock alternativo em geral. Iggy Pop & The Stooges, Motorhead, Kiss, Ramones, Damned, Radio Birdman, The Germs, Greg Sage & The Wipers, Sonic Youth, Mudhoney etc etc etc.
Nesse meio tempo, cada um seguiu sua vida... Fred Smith, junto com Scott Asheton (Stooges), formou a Sonic's Rendevouz Band, e anos mais tarde casou-se com Pat Smith, mas morreu de câncer em 1994; Wayne Kramer circulou entre o céu e o inferno na terra, tendo até passado uns bons anos no xadrez por porte de drogas; recuperou-se e voltou para o rock nos anos 90, tendo lançado um bom material pelo selo Epitaph. Robin Tyner se tornou um grande produtor na região do Michigan, gravou um disco-solo em 1990, mas morreu no ano seguinte de ataque cardiáco.

De volta aos palcos...

Em 2003, os três sobreviventes - Wayne Kramer, Michael Davis e Dennis Thompson - fizeram uma bela reunião no clássico 100 Club de Londres. Das participações, ninguém menos que Nickie Anderson (The Hellacopters), Dave Vanian (The Damned), Lemmy Kilminster (Motorhead) e muitos mais. Sucesso este que se repetiu nos anos porteriores, contando inclusive com tours e uma vinda ao Brasil, com direito a aparição no programa do Jô Soares. Desde 2005 a banda tem seguido na estrada com o apoio vocal de Handsome Dick Manitoba, o lendário cantor dos Dictators.

++++++++++++++++++

Publicado no jornal Folha do Estado, dia 10 de Janeiro de 2010.




KICK OUT THE
JAMS (a original!!!)


LOOKING AT YOU


BLACK TO COMM


RAMBLING ROSE


SISTER ANNE (2003, c/ Lemmy Kilminster)


HIGHSCHOOL [nadavê com a banda emo de Cuiaba! huahuahua]
(2003, c/ Dave Vanian)


KICK OUT THE JAMS (Rage Against the Machine)


KICK OUT THE JAMS (Pearl Jam + Mudhoney)


KICK OUT THE JAMS (Hellacopters)



KICK OUT THE JAMS (Silva axé ! ops... Silverchair)

3 Comentario para MC5

19 de janeiro de 2010 às 08:25

Muito Bacana o post. MC5 é fera!

Abraços,

Gabriel Lucas
http://www.factoide.com.br

20 de janeiro de 2010 às 09:37

Banda massa demais!Parabéns Max!!!

20 de janeiro de 2010 às 16:36

A versão do Silverchair de "Kick Out The Jams" ficou muito foda!

Materias

Comentarios

Sponsors