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Acho que muita gente sabe - e muita gente não - que no ano passado comemorou-se o centenário da morte de Machado de Assis. Duvido que você não tenha visto NADA sobre isso - você lê? você pensa? Então...

Pra quem não sabe, Machado não dominou apenas a arte de escrever romances. Fez uma peça de teatro também, porém não houve suficiente repercussão entre os críticos; era também um excelente poeta, tanto que hoje postarei aqui um dos que mais gosto de sua autoria: Círculo Vicioso. Assemelho esse poema aos do Augusto dos Anjos: rimas ricas - repare nos finais de todos os versos!, métrica impecável, tema excêntrico.

Pois então... lá vai:

Bailando no ar, gemia inquieto vagalume:
“Quem me dera que eu fosse aquela loira estrela
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!”
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:

“Pudesse eu copiar-te o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela”
Mas a lua, fitando o sol com azedume:

“Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume”!
Mas o sol, inclinando a rútila capela:

"Pesa-me esta brilhante auréola de nume…
Enfara-me esta luz e desmedida umbela…
Por que não nasci eu um simples vagalume?”

E viva a Humildade, a mais bela das virtudes.

1 Comentario para Machado de Assis - Círculo Vicioso

31 de março de 2009 às 08:56

É sempre bom ler Machado!
Parabéns Rudny!

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