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Por Max Merege

Reza uma tradição judaica que todos aqueles que carregam o sobrenome Cohen, descendem de um personagem muito importante do Velho Testamento: o profeta Aarão, irmão de Moisés; e trazem consigo a missão de ajudar a humanidade, principalmente por meio da palavra…
Leonard Cohen, escritor e músico canadense, é filho de judeus oriundos do Leste Europeu. Cresceu entre as lições do Talmude e a vida numa Montreal católica. Com 17 anos ingressou na faculdade de direito e em seguida trilhou o caminho das letras, sob a tutela do mestre Irwing Layton.
Na década de 50, com alguns amigos, montou uma banda de country-hillbilly para tocar canções de Hank Williams, Tex Ritter e Frankie Lane, mas lançou-se mesmo foi como escritor aos 22 anos, com o livro de poemas “Let Us Compare Mythologies” (1956), sucedido por "The Spice Box of Earth" (1961), o qual lhe renderia fama internacional.
De 1963 a 1966, morou ilha grega de Hydra, de onde lançou a coletânea de poemas "Flowers for Hitler" (1964) e as novelas "The Favorite Game (1963) e "Beautiful Losers" (1966).
Em 1966 mudou-se para New York e decidiu apostar na música como o melhor veículo para a difusão de sua obra e suas idéias, lançando-se primeiramente como compositor.
A primeira intérprete foi a cantora Judy Collins, por meio da qual sua canção “Suzanne” conseguiu atrair a atenção de público e crítica, principalmente por contar a história de uma fantasia amorosa inconcretizável com a esposa de um amigo seu. Aliás, sua obra é um mosaico permanente de histórias de amor impossível e palco de constantes reflexões filosóficas existênciais que remetem claramente a episódios da Torah e do Talmude.
Entre o final ’67 e meados de ’69, LC lançou os discos “Songs Of Leonard Cohen” e “Songs From a Room”, que por meio de canções como a já citada “Suzane”, “So Long, Marianne”, “The Sisters Of Mercy”, “Bird On A Wire” etc, lançou-se de vez no restrito círculo dos poetas cantores.
Seu terceiro álbum, “Songs Of Love And Hate”, é lançado em 1971 e até hoje é considerado um dos discos mais tristes e soturnos dos últimos 50 anos na história da música pop. Em 1972, LC traz à luz o livro “The Energy of Slaves”, uma novela que ainda mantém o clima melancólico de seu último disco, mas com alguns resquícios de “esperança”.
Nos EUA, LC gozou de razoável sucesso e conquistou respeito de todos. No Canadá, tornou-se uma espécie de herói nacional, e pela Europa, uma figura amada.



Em 1973, tão logo lançou o disco ao vivo “Live Songs”, LC foi convidado pelo governo israelense para fazer alguns shows para os soldados na guerra do Yom Kippur. Bebeu taças de vinho e dividiu conhaque com um então fã seu, o General Ariel Sharon, mas por conta de tanta tensão, Leonard Cohen acabou se desolando com a guerra, até então vista apenas pelo lado romântico das histórias contadas pelos vencedores. Em virtude de tal situação, no ano seguinte, em seu álbum “New Skin For The Old Ceremony”, lançou a música “Who By Fire”, baseada no poema litúrgico "Unetaneh Tokef", que reflete sobre o que vale e o que não vale a pena nessa vida.
A coletânea “Greatest Hits: The Best Of Leonard Cohen”, é lançada em 1975 e passa a abranger todos os seus grandes êxitos, desde seu primeiro disco de ’67 até seu último disco de ’74.


DEATH O LADIES’ MAN


1977 ficou marcado como um ano conturbado para LC, pois além de se divorciar da mãe de seus filhos, gravou o disco “Death Of A Ladies’ Man”, fruto de uma tempestuosa parceria com o produtor Phil Spector.
A relação de Cohen com Spector fora um tanto tumultuosa, pois tão logo concluiram-se as sessões de gravação, Spector trancou-se no estúdio e pôs-se a mixar sozinho o disco, à revelia de LC.
Mesmo tendo participações de Bob Dylan e do escritor Allen Ginsberg, “Death Of A Ladies’ Man” (que inclusive conta com uma foto de sua ex-mulher na capa) foi por vários anos um disco “renegado” por LC. Entretanto, àquela época, o álbum ganhou o status de cult por entre punk-rockers e afins, que passaram a lhe escrever constantemente cartas e mais cartas de elogios e agradecimentos por ter sido este o “portal de entrada” para o conhecimento mais aprofundado de sua obra.
No ano seguinte, ainda injuriado com a vida, LC lançou o livro “Death Of A Lady’s Man”, cujo título era claramente alusivo ao seu “fatídico” disco anterior, haja vista que o título do disco era sobre a “Morte de Um Mulherengo” enquanto o título do livro era sobre a “Morte de Um Marido”. Enfim, é a licença poética em ação…
Para fechar a década de modo dígno, segundo o próprio Cohen, vem à luz, em ’1979, o álbum “Recent Songs”, cuja idéia principal era a de resgatar uma sonoridade que ficou em “New Skin For The Old Ceremony”.


Bem sucedido entre público e crítica, o álbum rendeu-lhe até mesmo uma tourneé que ficou registrada em um disco que só iria sair em cd no ano de 2001, sob o nome de “Field Commander Cohen: Tour of 1979”. Após toda essa badalção, Leonard Cohen decide-se por tirar umas “férias” de 5 anos, mas aí já é assunto para uma próxima ocasião…
Um grande abraço a todos e até lá!


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Max Merege é fã incondicional de boa música universal.

(texto originalmente publicado no caderno Folha 3 do jornal Folha do Estado - 23/11/2008 - Cuiabá/MT)

4 Comentario para LEONARD COHEN, O JUDEU ERRANTE - Parte 1

24 de novembro de 2008 às 15:40

Pra ler o post ouvindo 'pennyroyal tea' do Nirvana, canção que menciona Cohen...

Good post max...

24 de novembro de 2008 às 17:38

Valeuzessss, Big Bob!

Com cereja essa do Nirvana vai pra próxima! ( aliás, já tá feito aqui, mas só publico depois que sair no jornal )

absss

24 de novembro de 2008 às 19:30

good post, não diria só isso.
fundamental post! max merege!
Leonard Cohen hoje faz parte do meu mundinho. Ele me faz dormir e me ajuda a acordar.
Adooooro, amo LC.
vc tb.

25 de novembro de 2008 às 00:49

MAX, SEU JUDEU SAFADO!!!!!!!!!!

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