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("Tapete vermelho para vossa majestade...")

Ao ler Hakim Bey constatamos: toneladas de socos são disparadas em nossa direção! Em uma linguagem envolvente, agressiva, poética, esse autor tem conquistado o mundo. Hakin Bey, nada mais é que um pseudônimo. O verdadeiro nome do personagem que está por trás é Peter Lamborn Wilson - escritor, ensaísta e poeta norte-americano, que dentre todos seus estudos realizados, destacamos as sociedades secretas chinesas (tong) e a introdução do conceito de TAZ - Zona Autônoma Temporária ("a inevitável tendência dos indivíduos de se juntarem em grupos para buscarem liberdade. E não terem que esperar por ela até que chegue algum futuro utópico abstrato e pós-revolucionário."). Em língua turca, Hakin significa "Juiz" e Bey significa "Cavalheiro".

Hakin Bey é precursor do que chamamos de "Anarquismo Ontológico" - forma de conceber a anarquia como forma de existir no mundo, uma vez que a palavra "ontológico" significa estudo do ser. A Anarquia, sob esse vies, seria a libertação de todos modelos de realidade: psicológicos, sociais, econômicos ou Instituicionais, em que existe repressão do indivíduo.

O texto que publicaremos hoje, "Terrorismo Poético", será o primeiro de muitos, assim espero, de Hakin Bey. Para mim, Bruno, tem um valor especial. Espero que para vocês também. Se surtir algum efeito, por favor, nos avisem nos comentários...

"Terrorismo Poético". In: Caos, os Panfletos do Anarquismo Ontológico.

"ESTRANHAS DANÇAS NOS SAGUÕES de Bancos 24 Horas. Shows pirotécnicos não autorizados. Arte terrestre, trabalhos- telúricos como bizarros artefatos alienígenas espalhados em Parques Nacionais.

Arrombe casas mas, ao invés de roubar, deixe objetos Poético-Terroristas. Rapte alguém e faça-o feliz.

Escolha alguém aleatoriamente e convença-o de que ele é herdeiro de uma enorme, fantástica e inútil fortuna: digamos 8000 quilômetros quadrados da Antártida, ou um
velho elefante de circo, ou um orfanato em Bombaí, ou uma coleção de manuscritos alquímicos. Mais tarde, ele irá dar-se conta de que acreditou por alguns poucos
momentos em algo extraordinário, & talvez, como resultado, seja levado a buscar uma forma mais intensa de viver.

Pregue placas comemorativas de latão em locais (públicos ou privados) onde experimentaste uma revelação ou tiveste uma experiência sexual particularmente especial, etc.

Ande nu por aí.

Organize uma greve em sua escola ou local de trabalho, com a justificativa de que não estão sendo satisfeitas suas necessidades de indolência & beleza espiritual.

A Arte do grafitti emprestou alguma graça à metrôs horrendos & rígidos monumentos públicos. A arte Poético-Terrorista também pode ser criada para locais públicos: poemas rabiscados em banheiros de tribunais, pequenos fetiches abandonados em parques e restaurantes, arte xerocada distribuída sob limpadores de pára-brisa de carros estacionados, Slogans em Letras Grandes grudados em muros de playgrounds,
cartas anônimas enviadas a destinatários aleatórios ou escolhidos (fraude postal), transmissões piratas de rádio, cimento fresco...

A reação da audiência ou o choque estético produzido pelo Terrorismo Poético deve ser pelo menos tão forte quanto a emoção do terror: nojo poderoso, excitação sexual, admiração supersticiosa, inspiração intuitiva repentina, angústia dadaísta — não importa se o Terrorismo Poético é direcionado a uma ou a várias pessoas, não importa se é "assinado" ou anônimo; se ele não muda a vida de alguém (além da do artista), ele falhou.

O Terrorismo Poético é um ato em um Teatro de Crueldade que não tem palco, nem assentos, ingressos ou paredes. Para funcionar, o TP deve ser categoricamente divorciado de todas as estruturas convencionais de consumo de arte (galerias,
publicações, mídia). Mesmo as táticas guerrilheiras Situacionistas de teatro de rua já estão muito bem conhecidas e esperadas, atualmente.

Uma requintada sedução levada adiante não apenas pela satisfação mútua, mas também como um ato consciente por uma vida deliberademente mais bela: este pode ser
o Terrorismo Poético definitivo. O Terrorista Poético comporta-se como um aproveitador barato cuja meta não é dinheiro, mas MUDANÇA.

Não faça TP para outros artistas, faça-o para pessoas que não perceberão (pelo menos por alguns momentos) que o que acabaste de fazer é arte. Evite categorias artísticas reconhecidas, evite a política, não fique por perto para discutir, não seja sentimental; seja impiedoso, corra riscos, vandalize apenas o que precisa ser desfigurado, faça algo que as crianças lembrarão pelo resto da vida — mas só seja espontâneo quando a Musa do TP tenha te possuído.

Fantasia-te. Deixa um nome falso. Seja lendário. O melhor TP é contra a lei, masnão seja pego. Arte como crime; crime como arte."

CONHEÇAM MAIS TEXTOS DO BEY AQUI MESMO!

4 Comentario para DOMINGO LITERÁRIO: "TERRORISMO POÉTICO" (HAKIN BEY) POR BRUNO P. RODRIGUÊS

10 de agosto de 2008 às 10:50

Cada vez melhor nosso blog!
Conteúdo de qualidade é isto!

Alguns há mais de semana sem atualização, tudo normal em cuya city.

Anônimo
10 de agosto de 2008 às 11:03

ctz Roberto!E já passamos da casa dos "400"! Se parássêmos hoje de movimentar o blog, ainda assim, no fim do ano, teríamos a média de um post por dia! Isso sim, que é resultado de muito empenho!

10 de agosto de 2008 às 12:54

A PHoder demais !!!!!!!!!!!!

E viva a arte transgressoara!

PQP!!!! Só agora é que minha net voltou :S Fica para o proximo domingo :P

Anônimo
13 de agosto de 2008 às 21:10

Hakin Bey bota para fuder tudo!

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