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Terça-feira foi um dia muito importante para o movimento underground cuiabano. Mesa-redonda, shows, presenças ilustres, reflexões, etc., tudo à esteira da programação do 15° Festival de Cinema e Video de Cuiabá, que começou desde o dia 22/5, incluindo uma grande diversidade de formatos, vídeos, espacializada em diversos locais (shoppings, UFMT, bairros carentes, dentre outros) e debatendo inúmeros temas, que não se restringiram somente ao cinema, mas chegaram mesmo a “poética das ruas”. E nesse sentido, aconteceu a mesa “Contemporaneidade, movimentos sociais, juventude, tribos urbanas e a poética das ruas”, com os membros Ana Paula Sant’ana (coordenadora), Ariel Uliana Júnior(Restos do Nada), Maurília Valderez Amaral e Marília Beatriz de Figueiredo Leite, realizada no Auditório do Centro Cultural da UFMT.

A fala que abriu a mesa, foi da Profª. Valderez, que iniciou com a frase de uma famosa banda punk cuiabana de tempos atrás – “Cagando no banheiro, começo a pensar” (GTW). Seguiu-se uma análise teórica foucaultiana altamente sofisticada sobre as “tecnologias do poder”, a vida nas cidades, a biopolítica e os processos de subjetivação – a vida torna-se objeto do poder. Questionava-se a todo tempo, “Como resistir ao mundo biopolítico? A sociedade de controle?”. Afirmava, “Para pensarmos em resistência, temos que pensar que não existem mais ‘classes’, mas multiplicidades e a resistência se dá de maneira difusa pelos comportamentos, escapando assim das gaiolas do poder”. Continua, “Nós precisamos resgatar as linhas de fuga”. Finaliza com a questão – “Como viver na sarjeta sem se reduzir a um rato?”. Uma ótima introdução!

Após a fala da Profª. Valderez, Ariel Uliana/Restos do Nada, fez uma explanação sobre o caráter do movimento Punk na contemporaneidade. Responde a pergunta feita na fala anterior: “O punk é o rato que aprendeu a morder!”. Segundo o mesmo, o “punk” é aquele que quer DESTRUIR A SOCIEDADE, não tomar o poder. O Punk é um espelho da sociedade que devolve tudo aquilo que foi imposto. “Estamos em tempos de luta e o inimigo está em todo o lugar, diferente da ditadura, quando todos tinham um inimigo em comum”. O movimento deve criar suas condições e não deve depender do governo. Auto-gestão é possível? Segundo Ariel, sim. Dá uma série de exemplos, com destaque ao caso dos indígenas mexicanos “Zapatistas”. Falando sobre o movimento punk paulista, Ariel menciona aquelas colocações comuns de que o movimento foi apenas uma fase, e que após a fase era necessário voltar para a “vida real”. “Mas que vida real? A vida mecânica, fútil, consumista? Essa não me interessa...”. Finalizando sua fala e dando um norte aos punks cuiabanos, afirma que devemos pensar, a exemplo dos ZAPATISTAS, “um mundo onde caibam todos os mundos”. “Os punks DEVEM estar presentes nos movimentos sociais! A luta não acabou” – talvez uma possível síntese de Ariel.


(EZLN - Exército Zapatista de Libertação Nacional)

Finalizando a mesa, Marília Beatriz, professora da UFMT, faz algumas considerações sobre a contemporaneidade, intervenções urbanas e pós-modernidade. Através de poetas, tece seus comentários. Destacamos Enrique Vila-Matas. “Contemporaneidade é movimento, é intrometer-se aonde ninguém quer”. Com uma eloqüência notável, Marília Beatriz, encerra a discussão. Mais tarde o evento continuaria com as apresentações das bandas Branco ou Tinto, Raiva em Paz, N3CR, Skarros e uma Jam Session com Ariel.

*Texto de Bruno P. Rodriguês/Assessoria de Comunicação da OCT e Pleyades.

1 Comentario para TERÇA FEIRA, DIA 27/5/08, UM MOMENTO PARA REFLEXÃO.

31 de maio de 2008 às 14:23

Muito bom Bruno , a matéria sobre a mesa redonda!Vcs da OCT estão de parabens! Mais uma vez mostrando a seriedade do trabalho da OCT!
Hailll...

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