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("Dom Quixote e Sancho Pança" por Pablo Picasso)

Mais um domingo de sol escaldante em nossa “cidade verde”, nem tão verde assim...Sentiram alguma diferença no Domingo passado? Creio que sim, pois não houve “Domingo Literário”. Motivo: naquela loucura do fim de semana passada (Amostra grátis), não tivemos perna para postar o texto. Entretanto, para recompensar a falta, nesse Domingão estamos trazendo um grande “Clássico”, considerado por muitos como o maior: “Dom Quixote de La Mancha”.

“Penetre em seu próprio eu e descubra o mundo, é o que diz o romancista. Mas também: percorra o mundo e conheça a si mesmo”, afirma Carlos Fuentes em uma análise sobre a importância da obra “Dom Quixote de La Mancha” de Miguel de Cervantes. A obra, considerada em 2005 a maior já escrita – em uma grande pesquisa realizada pela Academia Norueguesa de Letras junto a cem escritores do planeta -, é lida e re-lida diariamente por mais de quatro séculos desde a publicação de sua primeira parte – 1605. Além de inaugurar o “romance moderno” com um grande cruzamento de personagens, histórias paralelas, temas universais (como a liberdade), traduz o espírito de uma época – Espanha, Século XVI ( o chamado “século de Ouro”) - em que atingia-se o apogeu literário, político, cultural, arquitetônico com o Renascimento e Reforma, mas que enfrentou-se posteriormente um período de recrudescimento com a contra-reforma. O universo tumultuado do século XVI e início do XVII, de grandes debates, contexto de “descobertas de terras para-além da Europa” , é o lugar do qual remete Cervantes ao criar o mundo de Quixote.

Dom Quixote e Sancho Pança, juntos, o retrato satirizado dos grandes personagens das “Novelas de Cavalaria” (muito populares no período). Saem ao mundo em busca da defesa e honra de “Dulcinéia Del Toboso” – a amante idealizada pro Quixote – tendo para isto, que enfrentarem inúmeros adversários e perigos – todos idealizados. Moinhos eram gigantes, pastores eram soldados, assim era o mundo na perspectiva de Quixote. Sacho, mesmo com os pés no mundo “real”, seguia fielmente seu amo. Seu amo por sua vez, em troca de sua fidelidade, prometera a governança de uma ilha. Sacho concorda, mas nem mesmo sabia ao certo o que significava uma “ilha”...


(Os moinhos de vento...)

O trecho escolhido para registrar este sublime momento é “A batalha dos moinhos de vento”:


[...]Quixote (colocando a mão acima dos olhos para enxergar melhor):
_ O que vejo, amigo Sancho? A sorte sorriu para nós. Ali estão trinta ou quarenta
desaforados gigantes com quem penso travar batalha e tirar-lhes a vida a todos.
Sancho:
_ Mas... mas... que gigantes, senhor?
Quixote:
_Aqueles que ali vês, Sancho, com grandes braços que medem até 10 metros.
Sancho:
_ Veja bem, Vossa Mercê, que aquilo que lhe parece ser gigantes são, na verdade,
moinhos de vento e o que neles lhe parece que são braços são aspas que, ao serem
empurradas vento, fazem girar os moinhos.
Quixote:
_ Bem se vê que ainda não estás versado nesses assuntos de aventuras, meu caro
amigo. Esses são gigantes, sim, e que por obra do mago Malfato, a teus comuns e
incrédulos olhos te parecem moinhos. Somente nós, os cavaleiros andantes, os vemos
como realmente sã.
Sancho:
_ Mas Don Quixote, são apenas geringonças modernas para moer cereais.
Quijote:
_ Cale-se, Sancho! Se tens tanto medo afasta-te e te ponhas a rezar enquanto eu vou a
enfrentá-los em uma feroz y desigual bata
Com a espada en riste, como se fosse uma lança, prepara-se para a investida
_ Em guarda, covardes e vis criaturas. Não fujam! Quem lhes ataca é apenas um,
porém indômito cavaleiro. (Grita marcialmente): Por Dulcinéia e por Espanha!
Don Quixote arremete contra os moinhos e quando uma das aspas lhe golpeia cai
estrepitosamente. Espada, escudo e ele mesmo se esparramando.
Sancho vem em seu socorro.
Sancho:
_ Valha-me Deus. Não lhe disse a Vossa Mercê que olhasse bem o que fazia? Que não
eram outra coisa que moinhos de vento?
Quixote(tentando se refazer):
_ Cale-se, Sancho! As coisas da guerra estão sujeitas a contínua mudança. Não viste
que foi o próprio mago Malfato quem na última hora transformou os gigantes em
moinhos somente para me tirar a gloria de havê-los vencido?
Sancho:
_ Mas Senhor...
Quixote:
_ Cale-se, Sancho e me dá uma mão! Ainda haverás de aprender que quando uma
porta se fecha, outra se abre ; e que pouco hão de valer todas as artimanhas de todos
os magos deste mundo contra a bondade da minha espada! Vamos, Sancho...vamos[...]

* Texto de Bruno P. Rodrigues/ Equipe de Assessoria de Comunicação da OCT e Pleyades.

1 Comentario para DOMINGO LITERÁRIO: "Dom Quixote de La Mancha" de Miguel de Cervantes.

19 de maio de 2008 às 15:25

esse é crássico!

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